CAOS ESPERADO DEPOIS DO SENADO FRANCÊS APROVAR AUSTERIDADE SOCIAL

os sindicatos acusaram o Governo de criar entraves ao direito à greve

Sarkozy considerou que o processo legislativo deu um passo importante, no dia em que polícia assumiu controlo de refinaria vital para Paris. Em resultado, os estudantes anunciaram nova jornada de luta. O impopular projecto de lei que aumenta a idade de reforma levantará uma contestação social ainda mais violenta,
num dia-a-dia que ficará marcado pela crescente escassez de combustível nas estações de serviço. O texto acabou por ser aprovado com 177 votos a favor e 153 contra. Para quinta, dia 28, está convocada pelos sindicatos uma nova jornada nacional de greves e manifestações e para 6 de Novembro, um sábado, estão agendadas novas acções de rua. A reforma passa assim dos 60 para os 62 anos e atrasa o direito à pensão completa dos 65 para os 67 - medidas consideradas pela esquerda uma grave "regressão social". Durante a madrugada ocorreram tentativas de bloqueio de depósitos petrolíferos, mas o Governo também passou à ofensiva: a polícia assumiu o controlo da refinaria de Grandpuits, nos arredores de Paris, uma das 12 que têm estado paralisadas ou bloqueadas por grevistas, e que é vital para o abastecimento da capital e dos seus principais aeroportos, Orly e Roissy-Charles de Gaulle.

A central sindical CGT informou que menos três membros do piquete de greve ficaram feridos e o dirigente Charles Foulard, que denunciou a acção da polícia como um "entrave ao direito constitucional de greve", anunciou o recurso aos tribunais, os quais, já se sabe hoje, decidiram a favor dos grevistas.
O ministro da Ecologia e da Energia, Jean-Louis Borloo, reconhecia ontem que mais de 20 por cento das cerca de 12.300 estações de serviço francesas estavam sem combustíveis e que serão precisos "alguns dias" para normalizar a situação. A prefeitura de Seine-Maritime, no Oeste, seguiu o exemplo de Eure, perto de Paris, e, segundo a AFP, limitou o abastecimento a 30 litros por veículo particular e a 150 litros por pesado. No Sul, em Marselha, a greve de funcionários do lixo está a deixar aquela cidade inabitável.