Paulo Rangel denunciou ontem em Estrasburgo o que afirmou ser "um plano do Governo para controlar" os meios de comunicação social pondo em causa "a liberdade de expressão". Rangel afirmou ainda que o Primeiro-ministro português tem de dar explicações substanciais, nomeadamente explicar-se perante as escutas publicadas no Jornal Sol, que revelam claramente um plano para manipular todos os Media em Portugal, o que o levou mesmo a dizer aos seus parlamentares europeus: "Portugal já não é um Estado de Direito; é um Estado de Direito Formal". No Parlamento português, Aguiar-Branco, líder de bancada do PSD, lançou a mesma ofensiva pedindo que diversas entidades fossem ouvidas neste caso na Comissão de Ética da Assembleia da República sobre o "exercício da liberdade de expressão".
Alguns eurodeputados socialistas portugueses e Francisco Assis acusaram Paulo Rangel de pôr em causa a imagem de Portugal na Europa, quando este se mostrou preocupado, no Parlamento Europeu, com as alegadas pressões do Governo português à comunicação social. O eurodeputado não gostou. Paulo Rangel disse que o líder parlamentar do PS deveria saber que «o Parlamento Europeu é a casa da liberdade de expressão e tem um período de antes da ordem do dia onde se fala de temas nacionais», uma vez que também foi eurodeputado.«Só faltava agora que houvesse uma mordaça para os deputados», declarou o social-democrata. Rangel frisou ainda que «os deputados têm imunidade parlamentar para terem liberdade de expressão e, portanto, esse tipo de críticas são para quem sabe e reconhece que há substância nas críticas feitas».