Talvez agora se compreenda melhor a obcessão de Hugo Chávez pelo poder na Venezuela. É que a sua revolução neo-bolívariana é menos política e mais comercial: a produção de cocaína tornou-se a sua principal fonte de receitas. Percebe-se assim o porquê de uma das principais medidas reformadoras socialistas da sua ditadura: a ocupação dos campos e produções agrícolas privadas. A sua revolução é por incrível que pareça, mais política na Europa do que no seu país, já que a entrada de toneladas de cocaína, trazida por tráfego marítimo em contentores, acaba por ser uma verdadeira "revolução" nas economias paralelas da Europa, no submundo da droga, afectando milhares de vidas que ficam destruídas pelo consumo facilitado, face à descida do preço do "produto".
Também só assim se percebe a construção de uma cidade "utópica" para 100.000 pessoas na montanha Avila, que Chávez elegeu como uma das bandeiras do seu governo, uma cidade construída no meio de uma floresta situada num planalto elevado, e que será uma espécie de "marca" sua para figurar na história daquele país. De construção excessivamente cara já que não existem infraestruturas nas imediações, tal como em muitos pontos do globo, este projecto cheira a "lavagem" e branqueamento à distância... Quanto ao papel de Portugal e Espanha, que antes estavam nesta rota de distribuição via contentores, têm vindo a perder "quota de mercado" para a zona das Balcâs, que antes era usada para entrada do Ópio oriundo da Ásia, segundo o relatório da Autoridade Internacional de Controlo de Estupefacientes.
Para alguns investigadores, no entanto, a célebre guerra dos Balcâs nos anos 90 apenas serviu para "limpar" e tornar segura esta rota de entrada de droga na Europa. Pela sua localização estratégica, entre a Europa Ocidental e a recente "Europa" Oriental, esta rota é fundamental para a distribuição desde os países nórdicos até ao mediterrâneo de onde segue para o Médio Oriente e Norte de África, ou no eixo transversal, para distribuição às novas repúblicas russas recém-formadas, ou para ocidente - Alemanha, Itália, França, Espanha, Portugal. A droga financia grandes grupos privados e multinacionais, exércitos, políticos, sociedades secretas e até polícias ligadas à segurança dos estados (não esqueçamos que a CIA e o grupo Bilderberg apoiou fortemente a guerra dos Balcãs para assegurar a "segurança" deste corredor...). Apesar do tráfico estar cada vez mais facilitado pela corrupção extrema a que estamos a chegar e que envolve desde políticos a áreas portuárias, polícias e exércitos, também a forma de esconder o produto é cada vez mais engenhosa: por exemplo, engarrafamento de cocaína líquida escondida como vinho tinto foi recentemente apreendida à chegada à Eslováquia.
Se por um lado o terminal de contentores de Alcântara recebeu uma concessão "excepcionalíssima" de 27 anos, que permite que certos grupos privados usufruam mais facilmente dessa "estabilidade" que lhes permitirá estabelecerem uma rede bem montada pois disponibilizam de mais tempo para a estabilizarem, a nova rota dos Balcãs, "mais segura", parece estar a "estragar" o negócio a muita gente, por terras lusas e de nuestros hermanos. Não deixa de ser uma coincidência nos dias de hoje, que a maioria dos países produtores, receptores ou distribuidores deste "produto" tão rentável (mesmo em tempo de crise) sejam precisamente, socialistas... Felizmente que Sócrates se limitou a exportar um milhão de computadores Magalhães, pagos também em milhões, mas já "lavadinhos" e por transferência bancária...