DIA DE REIS: O FIM DA MONARQUIA

o assassinato de D. Carlos, uma conspiração da maçonaria e da carbonária

Poderia D. Manuel II, o último rei de Portugal, ter sido membro da Maçonaria - uma organização acusada de ligações ao homicídio de seu pai e de seu irmão e responsável pela queda do seu próprio Trono? Assim o sugere um bilhete-postal, posto a circular já depois da implantação da República, em que o Monarca é apresentado envergando paramentos maçónicos: balandrau ritual e avental de Aprendiz…

«A implantação da República em Portugal, em 5 de Outubro de 1910, não foi resultado exclusivo da revolta militar personificada na Rotunda pelo comandante Machado Santos e apoiada nas ruas pelas células carbonárias de Lisboa. Uma conspiração internacional, envolvendo a Maçonaria inglesa e a Família Real britânica, deu aos revoltosos portugueses a garantia prévia (e escrita) de que a Inglaterra, a França e a Espanha não levantariam um dedo para salvar a Dinastia de Bragança. E só depois de obtida esta garantia o estado-maior revolucionário avançou para pôr fim à Monarquia mais antiga do Continente Europeu. Numa reconstituição historiográfica exaustiva, […] o jornalista e investigador Jorge Morais sustenta que, em 5 de Outubro, as tropas revoltosas se limitaram a seguir o “sinal verde” dado a partir de Londres pelo poderoso “lobby” liberal radical (em que pontificavam altos dignitários maçons, homens de negócios ingleses com interesses na África portuguesa e jornalistas de influência internacional) com conhecimento e permissão de dois membros da Família Real britânica: o próprio Rei Jorge V e seu tio, o Duque de Connaught. […] … em Setembro de 1909, o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, Sebastião de Magalhães Lima, viajou secretamente para Londres a fim de obter garantias da congénere inglesa (cujo Grão-Mestre era então o Duque de Connaught, filho favorito da Rainha Victoria e irmão do Rei Eduardo VII) de que o golpe em Lisboa teria a aprovação do Governo de Sua Majestade, chefiado por Asquith e integrado por Winston Churchill, Lloyd George e Edward Grey – maçons de inegável peso na política mundial da época.

Valendo-se de uma teia de cumplicidades maçónicas, políticas, jornalísticas e financeiras, Magalhães Lima voltou a Londres em Julho de 1910 (já com o Rei Jorge V no Trono), agora acompanhado pelo abastado homem de negócios e dirigente republicano José Relvas, para ouvir da boca de um membro do Governo inglês a confirmação de uma “neutralidade compreensiva”. A posição das autoridades de Londres, expressa por escrito num Memorandum secreto a que o autor teve acesso nos Arquivos Nacionais britânicos, permitiu aos revoltosos lançarem-se confiadamente numa revolução que, sem esse apoio, falhara de tentativa em tentativa nos 20 anos anteriores. E, com efeito, três meses após o seu encontro reservado no Foreign Office, a República estava implantada em Portugal. “Com permissão de Sua Majestade” traça o quadro político, nacional e internacional, em que decorre esta conspiração; comprova a ligação dos principais intervenientes à Maçonaria e ao “lobby” radical europeu; transcreve correspondência, até hoje mantida no silêncio dos arquivos, entre a Grande Loja Unida de Inglaterra e altos dirigentes do Grande Oriente Lusitano; reconstitui as viagens do Grão-Mestre português e a sua passagem pelas Lojas de Londres; evidencia o ambíguo papel do Rei Jorge V (primo do último Monarca português, D. Manuel II) em toda a trama; e revela por extenso o Memorandum do Ministério britânico dos Negócios Estrangeiros que permitiu aos revolucionários de Lisboa implantarem, por fim, a República em 5 de Outubro de 1910»
(in, Com permissão de Sua Majestade, Jorge Morais, Occidentalis Edit., 2005)