O ESTADO DA BANCA EM PORTUGAL

edifício-sede da CGD, desenhado como a Arca da Aliança: poderá vir a ser o banco do Estado português?...

“O BCP detinha sociedades off-shores para comprar as suas próprias acções e fazê-las subir na bolsa, emprestava fortunas a figuras da instituição, créditos que acabavam perdoados, sem penalização. Com as acções em queda, estas off-shores obrigaram o BCP a assumir perdas na ordem dos 416 milhões de euros. Durante vários anos, os responsáveis do primeiro banco privado português manipularam resultados enquanto beneficiavam da subida do valor das acções […]. As perdas identificadas no BPN são de 1800 milhões de euros, mais de metade do custo de construção do novo aeroporto, o equivalente a 360 quilómetros de auto-estrada. Durante anos o BPN de Oliveira e Costa cometeu ilegalidades através de uma centena de off-shores. Um banco secreto em Cabo Verde, controlado pelo BPN, servia para ocultar centenas de milhões de euros, em perdas. Quando o BPN deixou de ter em caixa os mínimos exigidos por lei, foi nacionalizado pelo governo. O BPN foi processado por branqueamento de capitais, informações falsas, falsificações […]. O BPP afundou-se em dívidas devido a operações ruinosas na Bolsa. O governo começou por dizer que neste caso não interviria, pois tratava-se da falência de um banco que geria fortunas privadas e que não afecta o resto do sistema financeiro. Mas, dias depois, Teixeira dos Santos anuncia o salvamento do BPP, um empréstimo de 450 milhões de euros garantido pelo Estado através de seis instituições de crédito. Ora, os accionistas do BPP receberam 30 milhões de euros em dividendos nos últimos três anos. Deveriam ser eles a responder pelo banco. (in, Jornal Bloco de Esquerda, Março de 2009)

A queda de lucros dos bancos portugueses avaliados em cerca de 40% em 2008 comparativamente ao ano anterior, poderão descer bastante mais, percentualmente, neste ano de 2009, já que os investimentos estão reduzidos ao mínimo, uma vez que para fazer face ao desemprego alarmante, às falências das indústrias e das empresas privadas, as famílias reduziram os seus gastos a aspectos essências que se prendem com a própria sobrevivência. O Millennium BCP foi o que teve a maior queda, avaliada em cerca de 65%. Talvez por isso tenham vendido as suas acções do BPI aos angolanos, como medida de redução de maiores contracções financeiras, já que o BPI, um banco de muito menor dimensão, corre sérios riscos de suceder à tragédia da recessão. A Nacionalização da Banca aproxima-se a passos largos e a CGD prepara-se agora para ser posta à prova na Assembleia da República, talvez como primeira medida de aviso ou já um princípio da sua anexação ao Estado…? O certo é que milhares de famílias perdem os seus investimentos (alguns deles de uma vida inteira) diante dos olhares indiferentes dos políticos e governantes, que encolhendo os ombros assistem à derrocada da Banca sem que para isso, se tomem medidas realmente sérias para resolver problemas reais, que surgem a cada dia no seio das famílias portuguesas. Cada dia que passa representa uma oportunidade perdida para o povo luso e uma oportunidade ganha para as máfias políticas e económicas…