INSPECTORES DO SERVIÇO DE ESTRANGEIROS ACUSADOS DE CRIMES

quantos agentes da autoridade em Portugal não estarão envolvidos em corrupção de casas de alterne?

Dois inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), acusados de corrupção, pelo alegado envolvimento num esquema em que "protegiam" bares de alterne a troco de favores sexuais, defenderam esta segunda-feira a sua inocência, alegando que visitavam aqueles espaços por lazer. Agostinho Teixeira, um dos inspectores do SEF, que começou a ser julgado no Tribunal de São João Novo, está acusado da prática de 20 crimes de corrupção passiva para acto ilícito e três de violação de segredo por funcionário por, alegadamente, usar do seu estatuto para frequentar bares de alterne onde prometia avisar sobre operações de fiscalização do SEF a troco de bebidas grátis e favores sexuais. O inspetor admitiu que frequentava bares de alterne "desde 2001/2002", "por questões de serviço", mas "também por lazer", e que "pagava sempre o consumo que fazia" além de "nunca" ter recebido "absolutamente nada". Garantiu nunca ter avisado os bares antecipadamente de acções do SEF e que, pelo contrário, "avisava (ao serviço) que em determinados lugares havia cidadãos ilegais".

Também Sérgio Medeiros, inspector adjunto do SEF igualmente acusado pelo envolvimento no mesmo esquema, garantiu ser "tudo mentira" e estar "absolutamente inocente". O inspector, acusado de 11 crimes de corrupção passiva e dois de abuso de poder, explicou que "sempre" frequentou casas de alterne "a título pessoal" desde 1990. Defendeu mesmo ter sido "dos primeiros a denunciar a falta de acções de fiscalização" nesses estabelecimentos onde "nunca" teve "qualquer tipo de intimidade ou amizade ou relacionamento amoroso com cidadãs brasileiras".
"Nunca prometi, nunca ajudei e nunca fui cúmplice em nenhuma das situações que me são imputadas", sublinhou Sérgio Medeiros, garantindo mesmo que "qualquer casa de alterne tem, presumivelmente, cidadãs ilegais". Também arguida neste processo é Josiane Dantas, acusada de um crime de angariação de mão de obra ilegal, por ter, alegadamente, aliciado três compatriotas a viajar para Portugal a fim de trabalhar num bar de alterne, intitulando-se relações públicas. A arguida optou por não prestar declarações. À saída o advogado dos dois inspectores, Vítor Lima Ferreira, declarou que "os arguidos são inocentes", que "a acusação do Ministério Público é exagerada" e que o julgamento "resultará na absolvição" dos dois inspectores que "não fizeram nada do que estão acusados".