DUARTE LIMA: UM CASO DE MÁFIA PURA?

ter-se-á envolvido com alguma Máfia brasileira, Duarte Lima?

A filha de Lúcio Tomé Feteira, o empresário português falecido há dez anos e cuja fortuna terá sido parcialmente desviada pela antiga secretária e companheira (entretanto assassinada, no final do ano passado, no Brasil), afirmou que o advogado Domingos Duarte Lima terá recebido, em 2001, em cinco transferências bancárias, mais de 5,2 milhões de euros. Esse dinheiro, segundo a filha do empresário, poderá ser parte dos muitos milhões que desapareceram das contas do seu pai na Suíça. "Não sei se Duarte Lima era advogado de Rosalina [Rosalina Ribeiro foi a secretária de Tomé Feteira durante cerca de 30 anos] porque nunca o vi no tribunal. O que sei é que Rosalina sacou o dinheiro todo, quer na Suíça, quer em Inglaterra, quer nos Estados Unidos, e fez as transferências para Duarte Lima", afirma Olímpia Feteira. A herdeira do industrial, falecido em 2000, acha estranho que o advogado pudesse receber honorários superiores a 5,2 milhões de euros (é essa a soma das cinco transferências de bancos na Suíça) e garante que há muito mais dinheiro desviado de outras contas e noutros países.

A 7 de Dezembro do ano passado, Duarte Lima, que representava Rosalina Ribeiro, deslocou-se ao Rio de Janeiro para com ela ter uma reunião de trabalho. Em princípio iriam tratar de questões relacionadas com o património da antiga secretária. Terão jantado juntos e, 15 minutos depois de se terem separado, num lugar ermo para onde Rosalina terá pedido para ser levada, a mulher, de 74 anos, acabou por ser baleada. Morreu com dois tiros no peito e um na cabeça. A arma utilizada foi um revólver de calibre 38, o mesmo que a Máfia utiliza nos seus crimes. Também os tiros (todos mortais e um deles dirigido à cabeça) indiciam, de alguma forma, o modo de actuação da mesma associação criminosa. Duarte Lima afirmou que só veio a ter conhecimento da morte de Rosalina a 21 de Dezembro, numa altura em que já se encontrava em Lisboa e se preparava para viajar para Hong Kong. Nessa altura, como afirmou ao PÚBLICO, enviou um depoimento escrito à polícia do Rio de Janeiro explicando todos os passos que deu com a vítima no dia em que esta foi assassinada. No presente momento a polícia brasileira diz que Duarte Lima ainda não é suspeito. Duarte Lima, ex-líder parlamentar na Assembleia da República pelo PSD, tem pautado a sua vida privada com alguns negócios nem sempre muito transparentes, como foi com o caso sucedido há uns anos e que envolviam corrupção na construção. Certo é que as movimentações de dinheiro na conta de Duarte Lima são aos milhões, e geralmente não há fumo sem fogo...