FMI AVISA QUE DIETA ORÇAMENTAL LUSA É PARA DURAR PELO MENOS DUAS DÉCADAS

efeitos da Troika far-se-ão sentir por mais 20 ou 30 anos, pelo menos

Dívida alta, pressão demográfica, crescimento baixo: para cumprir regras do euro sobre a dívida Portugal precisará de excedentes orçamentais frequentes até 2030. Portugal terá de passar por duas décadas de "extraordinária virtude orçamental" se quiser aproximar-se dos limites da dívida pública definidos actualmente pelas regras do euro, sugere o Fundo Monetário Internacional (FMI) num estudo publicado ontem. O Fundo levanta o pano para mostrar uma nova era de forte contenção orçamental na maioria das economias avançadas, hoje com endividamento alto, ritmos de crescimento muito lentos e a pressão da despesa motivada pelo envelhecimento rápido das populações. Portugal, país que em democracia nunca registou um excedente orçamental, é um destes países. O violento ajustamento orçamental feito com a troika tem como objectivo equilibrar as contas correntes do Estado, mas deixará o país ainda com um nível de dívida pública directa de 115% do PIB em 2013, prevê o FMI. Depois disso a política orçamental terá de continuar a ser dura. Mas o FMI soma ainda um outro aspecto à equação: as despesas decorrentes do envelhecimento da população. A questão é transversal a todas as sociedades ocidentais, mas mais em Portugal, que tem a taxa de natalidade mais baixa da União Europeia e a segunda mais baixa entre os países da OCDE (a seguir à Coreia do Sul). O impacto nos gastos sociais (saúde e pensões de reforma) será enorme: entre o ano passado e 2030 o Fundo prevê que estas despesas aumentem 13,3 pontos do PIB. A escapatória está na capacidade de criação de riqueza. "A existência do modelo actual só é possível com mais crescimento, que, pelo menos por enquanto, não se percebe de onde virá." (in, Jornal i).