KKK: DISCÍPULOS DE LÚCIFER

o filme "Mississippi Burning" (Mississipi em Chamas, 1988) revela o racismo sulista do KKK nos anos 60

“Nos últimos anos da sua vida, […] Mazzini correspondeu-se com Albert S. Pike, advogado e general sulista durante a guerra da secessão. Da mesma forma sabemos que foi um dos dirigentes máximos da maçonaria do rito escocês no novo continente e um membro activo, com o cargo de chefe de justiça, do Ku Klux Klan ou “Clã do Círculo”. O KKK havia sido fundado por outro maçom, Nathan Bedford Forrest, no princípio com o objectivo declarado de defender os brancos do sul das possíveis revoltas da até então escravizada população negra, assim como dos abusos que pudessem cometer as vitoriosas tropas do norte. Da importância de Pike entre as sociedades secretas do século XIX nos Estados Unidos são reveladores alguns dos seus títulos, como o de Soberano Pontífice da Maçonaria Universal ou Profeta da Franco-Maçonaria, assim como o manual constitucional “Moral e Dogma”. Especialmente fascinado pela possibilidade de ver, ainda em vida, um único governo mundial, a sua intensa actividade e eficácia levaram-no a alcançar o cargo de responsável máximo dos Illuminati em 1859. Noutra das cartas que Mazzini e Pike trocaram, o europeu propunha ao norte-americano a criação de outro círculo dentro dos círculos, no qual se desenvolvesse «um ritual que seja desconhecido e praticado apenas por maçons de altos graus», que «devem ser submetidos ao mais alto segredo». Graças a este novo grupo «cuja presidência será desconhecida» para os graus inferiores, «governaremos a maçonaria inteira». O controle absoluto de todos os maçons do planeta era o mesmo objectivo que Adam Weishaupt tinha tentado sem êxito no convento de Wilhelmsbad, mas neste caso, parece que Pike triunfou onde o bávaro havia fracassado. Fundou o Novo e Renovado Rito de Paladín, criando três conselhos um em Charleston, Carolina do Sul; outro em Roma, e o terceiro em Berlim.”

“Um documento de Junho de 1889 intitulado “Associação do Demónio e dos Iluminados”, no qual Pike adereçava instruções secretas aos vinte e três conselhos supremos da maçonaria mundial, refere alguns pormenores desse novo rito, partindo da advertência inicial aos seus membros: «A vocês, Instrutores Soberanos do Grau 33, comunicamos-lhes: têm que repetir aos irmãos de graus inferiores que veneramos um só Deus, ao qual oramos sem superstição. Apenas nós, os iniciados do grau Supremo, devemos conservar a verdadeira religião maçónica, preservando pura a doutrina de Lúcifer». No mesmo documento, Pike falava como um sacerdote: «Ele, sim, Lúcifer, é Deus. Infelizmente Adonai [referência ao deus judaico-cristão] também é Deus, porque, segundo a lei eterna, não há luz sem obscuridade, beleza sem fealdade, branco sem negro. O Absoluto apenas pode existir na forma de duas divindades diferentes, já que a obscuridade serve a luz como fundo, a estátua requer uma base e a locomotiva necessita de freios». E acrescentava: «A religião filosófica verdadeira e pura é a fé em Lúcifer, que está em pé de igualdade com Adonai. Mas Lúcifer é o Deus da luz, é bom, ele combate o obscuro e o perverso». As proféticas reflexões de Pike seriam postas à prova ao longo do século seguinte, o XX, baptizado como o século da violência.” (in, Illuminati, Paul H. Koch, Editorial Planeta SA, 2006, Barcelona)