Uma estátua de bronze, de cinquenta metros, numa colina de Dacar, está a provocar a polémica no Senegal. A obra foi inaugurada ontem – um dia antes do país celebrar os 50 anos da independência – e chama-se “Monumento do Renascimento Africano”. O arquitecto explica a ambição da estátua: “não há dúvidas de que este monumento vai fazer parte das sete, oito ou dez maravilhas do mundo. Já fazemos parte do livro de recordes do Guiness. É a maior estátua de bronze do mundo.” A obra custou 15 milhões de euros e foi encomendada a uma empresa da Coreia do Norte. Choveram, por isso, os protestos, num país onde o emprego é escasso. O presidente Abdulaye Wade desenhou a obra e fez saber que um terço das receitas turísticas vai para os seus direitos de autor.
Os críticos de arte vêem na estátua um estilo soviético em vez das formas tradicionais da arte africana. O projecto levou a população a manifestar-se nas ruas. “Temos problemas de electricidade, de saneamento, problemas em todo o lado na sociedade e o presidente Wade dá milhões para a estátua!”, lançou um senegalês durante um protesto. A juntar-se ao coro de críticas, vários líderes muçulmanos vêem na estátua um símbolo de idolatria, ao apresentar o humano como objecto de adoração. Já os partidos da oposição denunciam um monumento à glória do presidente e apelam ao boicote da inauguração.