Certo é que os seus atentados são estratégicos, bem pensados e conseguem sempre atingir resultados que acabam por influenciar eleições ou prejudicar certas figuras públicas. Muitos espanhóis são contra o terrorismo, mas outro tanto de espanhóis defendem a sua causa apesar de condenarem a sua forma de actuação. Por isso a ETA "evoluiu" e passou ao espectáculo mediático, ao "fogo de artifício" das explosões realmente visíveis, com menos mortes, e muito mais danos materiais. Mas estes danos materiais acabarão por se tornar em ainda maiores danos pessoais para determinados elementos da sociedade espanhola. O futuro é incerto. O descontentamento europeu dos países periféricos é cada vez maior. O desemprego sobe em flecha. Os políticos não apresentam soluções interessadas e capazes de resolver a vida das pessoas comuns que agonizam em dívidas, sem soluções à vista. Por todo o mundo grupos amotinados saem às ruas, manifestam-se contra os políticos corruptos, ligados a sociedades secretas, a máfias, à corrupção em larga escala. Haverá soluções...? Certo é que, face a este cenário negro do futuro próximo, atentados e manifestações de descontentamento de qualquer forma, são de esperar. É um regresso, de certa forma, aos anos 60 e 70, quando a economia mundial deu os seus primeiros fortes sinais de incapacidade para se adaptar ao crescimento exponencial da população ávida de soluções para os seus problemas.
A "EVOLUÇÃO" DA ETA
Para os que ainda não perceberam a diferença, a ETA mudou de estratégia. Os seus ataques passaram a ser mais "espectaculares" que "cirúrgicos", mas igualmente eficazes e reveladores de uma grande capacidade técnica e de execução. Zapatero, no seu primeiro programa eleitoral tinha anunciado que o seu Governo tudo faria para acabar com esta força terrorista. A ETA passava então a partido político. Mas foi então que começaram a prender alguns dos seus elementos, agora expostos e alvos fáceis, pelo envolvimento mais público. Consideraram-se traídos e começaram a elaborar o seu plano de vingança pela traição de Zapatero. No silêncio, aumentaram a sua capacidade de intervenção, e recomeçaram os ataques depois de seis meses de tréguas, durante os quais Zapatero, mais do que procurar soluções, os provocou com mais prisões, perseguições e ameaças. A ETA é um problema quase exclusivamente de Espanha, já que os seus alvos são maioritariamente espanhóis, apesar das ligações que mantêm em França e recentemente em Portugal (locais de encontro, aquisição de armamento e explosivos e refúgio). Alguns investigadores avançam uma tese tão verosímil como qualquer outra: a de que a ETA é uma força de libertação da opressão, em favor dos oprimidos espanhóis e contra sistemas pró-totalitários, camuflados de democracia. Toda a história de independência do País Basco, nesta perspectiva, não é mais do que uma cortina de fumo. Outros dizem mesmo que a ETA é um grupo de para-militares treinados, uma espécie de polícia secreta de elite, que "alerta" e "limpa" certas figuras da sociedade espanhola conotadas com corrupção política e económica.