SUIÇO "PESCA" GRANADA NO LAGO THUN

no fundo deste lago calmo, nos Alpes Suiços, jazem toneladas de material bélico da 2.ª Guerra Mundial

Ao longo de duas décadas depois do pós-guerra em 1945 os suiços atiraram mais de 9 mil toneladas de munições não utilizadas durante a 2.ª Guerra Mundial. A Suiça neutral tinha armazenado diversos tipos de munições - obuses de artilharia, granadas de mão, balas vulgares e minas - para o caso de ser invadida por Hitler ou Mussolini, o que nunca chegou a acontecer. Algumas destas munições resultaram mesmo de apreensões feitas a comboios que provinham da Alemanha Nazi com destino à Itália de Mussolini, por violarem o acordo de neutralidade suiço. De 1945 até 1964 foram descarregadas várias toneladas de munições contidas em paióis militares suiços em 4 lagos alpinos, tendo o Lago Thun, com 700 metros de profundidade (nos pontos mais profundos) , recebido o maior "quinhão". Aquela que parecia ser a solução ideal no pós-guerra, tornou-se agora num quebra-cabeças para os suiços. 700.000 pessoas abastecem-se da água daquele lago e pediram já a remoção do material bélico. No entanto, a operação é considerada extremamente perigosa pois poderá levar a explosões isoladas ou mesmo sequenciais descontroladas. No caso de se optar pela sua remoção, modernas técnicas de congelamento poderão ser utilizadas antes do seu deslocamento, apesar do risco e do grande investimento necessário para levar a cabo essa operação. Há cerca de 10 anos, os pescadores do lago começaram a observar alterações genéticas nos órgãos reprodutores do principal peixe que habita este lago e que constitui o principal sustento alimentar da população: o coregono.

A Suiça não é, no entanto, o único país com material bélico do pós-guerra, submerso. A Suécia despejou 6.500 munições num dos seus maiores lagos. Os Estados Unidos, Reino Unido e a antiga União Soviética largaram mais de 300.000 toneladas de munições, incluindo gás mostarda (venenoso) confiscado à Alemanha, no Mar Báltico, onde permanece depositado. Estudos recentes apontaram para alterações do plâncton do Lago Thun. É no entanto difícil determinar ainda as origens de tais transformações na cadeia alimentar, que poderá ter implicações até nos humanos. Segundo alguns pescadores locais, as munições já se encontram tão cobertas de sedimentos e detritos que será melhor para todos deixá-las "descansarem" no fundo das águas calmas... (reportagem do Jornal "i", 28.08.2009)