A controversa instalação colocada no átrio do Conselho Europeu pelo artista plástico checo David Cerny, aquando a tomada de posse pelo novo presidente checo, no início de Janeiro, é uma crítica mordaz, inteligente e acutilante à União Europeia. É uma verdadeira “bomba” introduzida no seio decisório de toda a Europa, o qual, pela experiência da vida difícil que os cidadãos europeus atravessam, se comprova não servir para “decidir” ou gerir absolutamente nada. É essa a grande mensagem da escultura genialmente concebida. Vinte e sete países “unidos” como se de um “kit” de montagem para crianças se tratasse, com peças todas diferentes mas que tentam “à força” construir uma Europa pelo fio condutor da economia. O próprio artista plástico convidado a gerir a obra, deveria ter contratado outros artistas plásticos, supostamente 27, para que cada um criasse ou “recria-se” um país da União. Mas em vez disso, talvez já por tradição europeia, o artista ficou com todo o caché, chegando mesmo a conseguir documentos e facturas falsas!!!... O artista converte-se na obra!!!...Fala da corrupção europeia e ele mesmo torna-se influência dessa corrupção. Brilhante!!!...Não me parece que haja muito mais a dizer sobre esta obra de arte que ficará, certamente, para a história “mafiosa” do Conselho da Europa, a não ser que Portugal é nela representado como uma tábua de madeira com bifes, numa alusão à escravatura portuguesa das colónias (assim como os bifes são martelados na tábua, os escravos eram chicoteados) e talvez ao momento de “escravatura virtual encapotada” que vivemos neste difícil período da democracia portuguesa…