Muito se fala numa possível união económica ibérica mas, numa “suposta” união europeia unida, os nossos dois países já deviam estar mais próximos sob inúmeros aspectos. No entanto muitas barreiras o impedem, e não parece haver grandes sinais de mudança ou evolução nesse sentido. Por exemplo, para um português que vá trabalhar em Espanha, tem de tirar um novo Bilhete de Identidade, como “cidadão estrangeiro” (e não europeu!!!...) no serviço de “Estrangeiros e Fronteiras” no Ministério do Interior, o que pode demorar 3 a 4 meses. No entanto, como em Espanha o n.º de identificação das finanças é o mesmo do Bilhete de Identidade (DNI) tem de o obter primeiro se pretender efectuar a respectiva inscrição nas finanças. Sem ter recibos, não pode receber, o que o obriga a fazer a inscrição três meses antes de obter trabalho!!!... Se pedir com urgência, justificando que o necessita para trabalho por já ter uma empresa que o quer contratar e que sem ele não pode começar a receber, talvez consiga que lhe reduzam o tempo de espera para um mês e meio… Esta é a Europa una em que vivemos!!!... Depois de obter o DNI, começam as burocracias nas finanças, e se não dominar bem o espanhol, vai ter bastantes problemas em fazer-se entender aí, onde a linguagem técnica e financeira é necessária para conseguir obter todas as informações correctas e conseguir-se inscrever exactamente no regime e escalão adequados. A agravar este problema é que os espanhóis não entendem quase nada o português falado (bastante diferente foneticamente do espanhol oral) porque regra geral, não falam nem nunca falaram nem querem falar mais do que a sua própria língua. Se conseguir ultrapassar estas burocracias, tem posteriormente de se informar bem do calendário de entrega do imposto, chamado “La Renta”, pois a fiscalização em Espanha é bastante dura com os contribuintes, com pesadas multas e com o mesmo sistema de penhora de bens implementado agora em Portugal.
Como se tudo isto não bastasse, as Finanças em Espanha, por incrível que possa parecer, ainda funcionam pior do que Portugal, pois os funcionários além de serem ainda mais antipáticos e pouco cooperativos não ouvem metade do que lhes diz e dão imensas informações erradas por segundo!!!... Talvez por isso, existam tantas pessoas em Espanha a não pagar impostos, num mercado paralelo em expansão, face à recessão que se abaterá no seu território de forma violenta, face a uma economia que se baseava essencialmente na construção civil e na produção industrial, com uma modernização relativa… Para lá das burocracias, se aprender a falar bem espanhol fará amigos para a vida, mas não se esqueça disto: em Espanha um português tem quase o mesmo “valor” que um mexicano tem para um norte-americano. É que o nosso país é visto em terras de “nuestros hermanos” como um território muitíssimo pobre e economicamente desinteressante e onde as pessoas ganham ordenados muito baixos. E claro, que não tem TGV!!!... Mas face aos custos deste investimento, da dispendiosa manutenção e das tarifas elevadas praticadas em cada viagem, percebe-se que a sua viabilidade seja muitíssimo baixa, sobretudo em tempos de uma recessão que ganha, a cada dia, fortes contornos de depressão económica global… No entanto, quando viajam ao nosso país ficam surpreendidos com os nossos centros comerciais e com a modernização de muito do nosso comércio face à “nossa pobreza franciscana”. E agora?... Ainda vai haver união ibérica???...