ESPANHA, UM PAÍS DE OPORTUNIDADES…

a "droga" constituíu uma importante "bolsa de ar" na economia de consumo espanhola

É preciso que se diga a verdade: se há povo mais animado e divertido que o espanhol, na Europa, eu não conheço. São de uma forma geral simpáticos, educados, confiantes, decididos e gostam pouco de perder tempo. Tal como em muitos países do mundo existe, no entanto, uma grande diferença na forma de ser entre as gentes do norte e as gentes do sul. Os do Sul, com mais sangue árabe à mistura, são mais liberais, menos ligados à religião, mais divertidos e extrovertidos e adoram andar na rua. Os do Norte, mais católicos e “franquistas”, são mais tradicionalistas e ligeiramente mais contidos no que toca a festas e diversão. Mas são um povo alegre, de uma forma geral. Raramente falam de coisas negativas, mesmo nos MÍDIA onde se preocupam bastante em mostrar notícias de países mais evoluídos. Espanha inteira é viciada na famosa e internacionalmente conhecida revista “¡HOLA!”, a revista monárquica e dos VIP´s de todo o mundo, e o EL CORTE INGLÉS é o seu mais forte símbolo de status financeiro. Todos os sábados ou durante a semana ao fim do dia as mulheres, quase sem excepção, deslocam-se aí para efectuarem as suas compras de roupa e arranjarem o seu cabelo no cabeleireiro durante toda a manhã, investindo uma grande parte do ordenado em produtos e tratamentos de cosmética. Da mesma forma, o espanhol é um indivíduo que gosta de viaja bastante (em especial o do norte), embora muitas vezes se limitem a viajar dentro do próprio território nacional.

Nos últimos anos, Espanha constituiu-se um país com uma economia crescente e solidificada, graças ao seu poder empreendedor e à sua forma pragmática de resolver problemas e de deixar rapidamente obra feita. São impacientes, falam pelos cotovelos, discutem tudo como ninguém (em especial preços), são muito materialistas e nada os demove de uma ideia. Consideram os portugueses um pouco antipáticos por não entenderem bem o idioma (apesar de a diferença residir basicamente na desmultiplicação de sons das nossas vogais mortas) e vêem-nos sempre como um povo mais pobre, tema no qual até têm razão!... No entanto um português em Espanha, que fale espanhol, é sempre motivo de festa e logo querem saber mil coisas da nossa cultura. O problema fundamental na comunicação ibérica reside essencialmente no facto do espanhol típico apenas falar espanhol, perceber mal o inglês, português ou outras línguas. No entanto, dado que toda a América do Sul fala espanhol, quase sem excepção, as suas relações multiculturais são diversificadas. Têm alguns ressentimentos culturais com os franceses que lhes destruíram muito património cultural em guerras violentas e o povo de que mais gostam são os italianos, por causa da estética e moda a eles associada e porque entendem bastante bem o que dizem, logo seguido do povo norte-americano, símbolo do capitalismo de que tanto gostam.

Mas em Espanha também existe um lado negro. Fruto dessa multiculturalidade fácil que estabelecem com toda a América do Sul e com o Norte de África, bem como da sua avidez ou gosto por dinheiro, Espanha é um dos países da Europa onde a imigração clandestina representa uma das mais sérias ameaças ao equilíbrio da já tão fragilizada União Europeia. Actualmente, este território europeu, um dos maiores mercados consumidores de todo o tipo de drogas, onde o tráfico é efectuado em qualquer esquina, discoteca, bar, escola apresenta um certo descontrole na delimitação e contenção do fenómeno, com origem na costa norte-africana de onde partem todos os dias dezenas de lanchas rápidas carregadas de “material”… Fumam-se livremente cigarros de drogas leves em qualquer esplanada ou praça pública, pois a fiscalização policial praticamente não é visível nas ruas, centralizando-se maioritariamente nas esquadras. Existe um grande ambiente de “liberdade”, o que apesar de não ser mau, permite que as máfias de todo o tipo e nacionalidade se organizem mais facilmente e até se especializam em determinado tipo de negócios, desde droga, roubo de viaturas topo de gama, assaltos violentos à mão-armada, assassínios contratados, tráfico de armas, prostituição, violência doméstica, extorsão, e o mais praticado de todos: branqueamento de dinheiro.

Os altos consumos de droga no país de “nuestros hermanos” é tão alto, que é visível o seu branqueamento na arquitectura e na construção. Pode-se até afirmar que o grande BOOM construtivo deste país e a sua economia estável e crescente deve-se, em parte, a esta forma de lavagem de dinheiro. No sul, por exemplo, inúmeros condomínios fechados são vendidos apenas a alemães, holandeses, japoneses ou chineses pois é uma forma de poderem utilizar paraísos fiscais como forma de transacção, de que é exemplo Gibraltar. Menos ambiciosos, os norte-africanos, designadamente argelinos, tunisinos e marroquinos ficam-se pelos trabalhos menos nobres e, desde venderem drogas leves nos semáforos, a lenços de papel, trabalharem na construção, o negócio sempre “vai dando” e proporciona-lhes uma vida melhor do que o seu país de origem. Mas o negócio mais “negro” prende-se com a prostituição de raparigas e rapazes generalizada em locais de diversão nocturnos (com muitos menores á mistura), indissociável do mundo das drogas duras, enorme fonte de rendimento destas máfias, que buscam lucros astronómicos num curto espaço de tempo, branqueando de seguida o dinheiro através de restaurantes, investimentos imobiliários ou simplesmente depositando-o em paraísos fiscais. Em Espanha há muita confusão, muito movimento e poucos efectivos da polícia, o que facilita todo o tipo de negócios obscuros “à luz do dia”. Zapatero teve um papel benéfico ao quebrar décadas de “franquismo” num país aprisionado ao passado da guerra civil, mas a outra face da moeda foi a imigração clandestina de países pobres, que originou e facilitou a expansão de todo o tipo de máfias, propagando o “el dorado” abominável mundo da exploração sexual de jovens, um lamentável e perverso preço pelos ideais da liberdade…