PASSOS COELHO: "INCUMPRIMENTO DA GRÉCIA TERÁ CONSEQUÊNCIAS DESASTROSAS PARA PORTUGAL"

a Grécia vai mesmo incumprir o que significa, segundo Passos, medidas ainda mais duras para Portugal

Passos Coelho diz que o Governo português está preocupado com a possibilidade de a Grécia entrar em incumprimento, não tendo excluído a possibilidade de Portugal ter que recorrer a um segundo resgate, "se alguma coisa de muito grave acontecer na Grécia". O Governo português está a preparar a possibilidade de a Grécia entrar em incumprimento. “Precisamos de nos proteger” e reconheço que o Governo está a “preparar essa possibilidade”, disse Passos Coelho em entrevista à RTP, afirmando que tal cenário “terá consequências desastrosas para Portugal”. “É necessário ter todas as condições para defender Portugal para uma situação que ocorra na Grécia e que nos poderia afectar”, disse o primeiro-ministro, concluindo que “é preciso que Portugal supere a execução das medidas” do programa de ajustamento, para que “lá fora” estejam convencidos que vale a pena continuar a apoiar Portugal. Contudo, “se alguma coisa de muito grave acontecer na Grécia, não podemos excluir essa possibilidade”, afirmou o primeiro-ministro, quando questionado se Portugal iria precisar de um segundo resgate.

CONTAS DO ESTADO AGRAVAM-SE PELA FUGA DOS CAPITAIS DOS CERTIFICADOS DE AFORRO

portugueses estão a retirar o seu investimento nos certificados de aforro com medo da bancarrota

Os portugueses continuam a retirar dinheiro dos certificados de aforro. E nos do Tesouro não estão a entrar as poupanças previstas. Há já um desvio de cerca de 3 mil milhões de euros face ao estimado no orçamento deste ano. Um “buraco” que coloca maior pressão no financiamento do Estado e obriga a encontrar alternativas. A melhoria das condições destes produtos de poupança esbarra na necessidade de consolidação orçamental. A ‘Troika’ está preocupada com resgate de certificados de aforro acima do previsto e quer soluções. O Governo está a estudar soluções para incentivar as famílias a manter a dívida do Estado, como por exemplo, certificados de aforro, garante um relatório da Comissão Europeia sobre a primeira avaliação da implementação do programa da ‘troika'. O desvio nas contas destes títulos de poupança está a preocupar a ‘troika', que teme que o País enfrente mais problemas de liquidez do que o previsto. "As autoridades estão a explorar soluções de mercado possíveis para encorajar as famílias a manter os seus títulos de dívida", lê-se no documento divulgado ontem. Os peritos da Comissão Europeia frisam no relatório que "o resgate de certificados por parte das famílias, em parte devido à oferta de taxas de juro mais elevadas nos depósitos por parte dos bancos, também pesaram no saldo de caixa das administrações públicas". O Estado financia-se junto das famílias através de certificados de aforro e do Tesouro. Na prática, isto quer dizer que o Estado não se está a conseguir financiar junto das famílias através deste instrumento financeiro.

PRODUTORES DE LEITE À BEIRA DA FALÊNCIA

preço por litro mantém-se em 0,30€ apesar dos aumentos de custo da produção

Os produtores de leite de Portugal continental estão a ver as suas margens de lucro completamente esmagadas, naquela que é a maior crise de que há memória no sector. Há empresas que estão a fechar as portas, asfixiadas pelos custos incomportáveis dos factores de produção, que subiram significativamente ao longo dos últimos dois anos, enquanto o preço do leite se manteve no patamar dos 30 cêntimos. Dois exemplos de factores de produção que sofreram um agravamento significativo: a electricidade e as rações, que não se repercutiram no preço pago à produção. As falências no sector têm subido em flecha, sendo possível que neste momento já estejamos a correr o risco de ter de importar leite, em vez de abastecermos o mercado interno em perto de 100%. "Se continuarmos assim, há muitas explorações que não vão aguentar muito mais tempo" disse José Oliveira, vice-presidente da CAP, que ontem participou num debate organizado pela confederação sobre esta problemática, a da carne e a dos ovinos. Portugal é o país da União Europeia a 15 onde o leite pago à produção é mais barato. A França, a maior exportadora deste grupo, paga aos seus produtores muito mais que o preço praticado no continente português. A Nova Zelândia tem vindo também a subir o preço do litro, pagando agora 31 cêntimos, contra os 25 de há dois anos. Também os Estados Unidos fizerem o mesmo, estando agora a pagar 37 cêntimos, contra 27. Um dos maiores problemas na actual situação prende-se com a situação de monopólio quase absoluto da Lactogal, que compra 97% do leite para o embalar nos pacotes de UHT distribuídos no Continente.

FMI AVISA QUE DIETA ORÇAMENTAL LUSA É PARA DURAR PELO MENOS DUAS DÉCADAS

efeitos da Troika far-se-ão sentir por mais 20 ou 30 anos, pelo menos

Dívida alta, pressão demográfica, crescimento baixo: para cumprir regras do euro sobre a dívida Portugal precisará de excedentes orçamentais frequentes até 2030. Portugal terá de passar por duas décadas de "extraordinária virtude orçamental" se quiser aproximar-se dos limites da dívida pública definidos actualmente pelas regras do euro, sugere o Fundo Monetário Internacional (FMI) num estudo publicado ontem. O Fundo levanta o pano para mostrar uma nova era de forte contenção orçamental na maioria das economias avançadas, hoje com endividamento alto, ritmos de crescimento muito lentos e a pressão da despesa motivada pelo envelhecimento rápido das populações. Portugal, país que em democracia nunca registou um excedente orçamental, é um destes países. O violento ajustamento orçamental feito com a troika tem como objectivo equilibrar as contas correntes do Estado, mas deixará o país ainda com um nível de dívida pública directa de 115% do PIB em 2013, prevê o FMI. Depois disso a política orçamental terá de continuar a ser dura. Mas o FMI soma ainda um outro aspecto à equação: as despesas decorrentes do envelhecimento da população. A questão é transversal a todas as sociedades ocidentais, mas mais em Portugal, que tem a taxa de natalidade mais baixa da União Europeia e a segunda mais baixa entre os países da OCDE (a seguir à Coreia do Sul). O impacto nos gastos sociais (saúde e pensões de reforma) será enorme: entre o ano passado e 2030 o Fundo prevê que estas despesas aumentem 13,3 pontos do PIB. A escapatória está na capacidade de criação de riqueza. "A existência do modelo actual só é possível com mais crescimento, que, pelo menos por enquanto, não se percebe de onde virá." (in, Jornal i).

EM PLENA CRISE GOVERNO RESOLVE RETIRAR PRÉDIOS SEM OBRAS A PROPRIETÁRIOS

mas reabilitar edifícios com mais de 30 anos, sem alterar fachada e n.º de pisos dispensará licenciamento

O presidente da Associação Nacional dos Proprietários, António Frias Marques, afirmou hoje que "retirar os prédios aos proprietários é uma barbaridade", considerando que a proposta governativa para a reabilitação urbana "é extemporânea". "Quando se pensava que o Governo iria anular a barbaridade de roubar os prédios às pessoas, sabe-se agora que cai no mesmo erro, estando apenas a aperfeiçoar o que está para trás", criticou António Frias Marques. O responsável comentava à Lusa uma proposta de lei do ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do território para a reabilitação urbana que, segundo refere a edição de hoje do Diário Económico, implica que os proprietários que se recusem a reabilitar as suas casas possam ser forçados a vender os imóveis a preços muito baixos. De acordo com o jornal, os proprietários terão agora "um montante mínimo a partir do qual a casa pode ser vendida, o que lhes garante, à partida, um valor mais alto". Para António Frias Marques, esta ideia "é extemporânea", porque em primeiro lugar devia ser feita "uma correção geral das rendas". A ideia de atribuir um montante mínimo "é sempre uma espoliação", sendo necessário perceber primeiro porque é que os proprietários não fizeram obras nos prédios, avançou.

CRIANÇAS NA SOMÁLIA RECEBEM ARMAS E BOMBAS EM CONCURSO DE RECITAÇÃO DO ALCORÃO

um forte incentivo religioso entre o bem e o mal...

Três crianças da Somália, vencedoras de um concurso de recitação do Alcorão, receberam como prémios armas, bombas e livros religiosos, entregues por uma estação de rádio com ligações à al-Qaeda. Segundo a agência de notícias AP, a estação de rádio Andulus, administrada pela milícia al-Shabab, anunciou na segunda-feira que o vencedor do primeiro prémio do concurso tinha ganho uma espingarda e 700 dólares (514 euros), o segundo classificado recebeu uma espingarda e 500 dólares (367 euros) e o terceiro duas bombas. As três crianças participantes no concurso receberam ainda livros religiosos. (in, Jornal de Notícias).

DEUTSCHE BANK ROUBA DEPÓSITOS E POUPANÇAS DA BANCA PORTUGUESA

com a bancarrota no horizonte, portugueses protegem o seu dinheiro em "porto seguro"

Conta o jornal i que o Deutsche Bank está a roubar depósitos à banca nacional. O banco alemão beneficia de uma vantagem competitiva na captação de recursos dos clientes. O volume de depósitos do Deutsche Bank continua a crescer a um ritmo sustentado, apesar de o banco ter reduzido fortemente a taxa de juro, que está agora abaixo da média praticada pelas instituições portuguesas, explica hoje o jornal i. Na actual conjuntura os portugueses estão a procurar um refúgio para as suas poupanças. O Deutsche Bank beneficia de uma vantagem competitiva na captação de recursos dos clientes que receiam um agravamento da saúde do sistema financeiro nacional, a ameaça de o incumprimento grego contagiar Portugal e o risco de saída da zona euro. Segundo o jornal i, perante um eventual regresso de Portugal ao escudo, os clientes do Deutsche Bank enfrentam um menor risco de perda de valor das suas poupanças, uma vez que os seus depósitos permanecerão em euros.

PARTIDO PIRATA É O GRANDE VENCEDOR DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE BERLIM

na Alemanha algo está a mudar: agora a juventude tem uma palavra a dar contra a política de Merkel  

Foi numa embarcação improvisada que alguns dos representantes eleitos do Partido dos Piratas alemães se dirigiram esta segunda-feira ao Parlamento da região de Berlim. A curiosa formação política formada em 2006 pela defesa das “liberdades pessoais”, obteve este domingo a primeira vitória eleitoral de sempre, conquistando uns surpreendentes 15 assentos na assembleia regional. Na primeira conferência de imprensa, não esconderam a surpresa face ao resultado eleitoral, mas prometeram assumir as suas responsabilidades com seriedade e transparência. Para uma jovem de Berlim “é uma forma de protesto, quando dizemos que não podemos votar por outro partido, por que fazem todos o mesmo. Os Piratas são diferentes”. Este homem afirma que “os partidos estabelecidos não oferecem novas ideias ou alternativas”. A CDU da chanceler Angela Merkel obteve mais votos do que há cinco anos, mas não conseguiu ultrapassar os sociais-democratas. O escrutínio representa também uma derrota para a coligação governamental, já que os parceiros Liberais Democratas obtiveram menos de 2 por cento dos votos. A reportagem em: http://pt.euronews.net/2011/09/19/alemanha-vitoria-dos-piratas-demonstra-descontentamento-com-partidos-/.

RATING DE ITÁLIA DESCE DEVIDO A ABRANDAMENTO DA ECONOMIA

Berlusconi será o próximo político europeu a cair devido às suas políticas cegas  

A Standard & Poor’s reduziu a notação financeira da Itália, de A+ para A, mantendo a ameaça de efectuar mais cortes, já que o “outlook” permanece negativo. O plano de austeridade de 54 mil milhões de euros não foi suficiente para impedir o corte. A agência de notação financeira cita as preocupações com o abrandamento da economia e a fragilidade do Governo, que ameaçam o objectivo de Itália reduzir a dívida pública, actualmente a segunda mais elevada na Zona Euro (119% do Produto Interno Bruto), apenas atrás da Grécia. A redução da notação financeira do crédito da dívida de Itália acontece depois de Berlusconi ter implementado um plano de austeridade de 54 mil milhões de euros, ao tentar travar a escalada dos juros implícitos da dívida no mercado de dívida secundário. Em Maio, a S&P tinha anunciado que poderia vir a cortar o “rating” de Itália, devido à instabilidade política e ao crescimento cronicamente baixo. Hoje, concretizou essa ameaça. Tanto a Itália como a Espanha são vistas como as “próximas vítimas” caso haja um maior contágio da crise da dívida, que já levou ao resgate da Grécia, Irlanda e Portugal. Silvio Berlusconi, já reagiu e disse nesta terça-feira que a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's de rebaixar a nota da dívida soberana de curto e longo prazo da Itália de "A+/A-1+ para A/A-1" "não reflete a realidade do país", que já se preparava para adotar medidas de estímulo ao crescimento, ao que se somaria a elevação de impostos e cortes nas despesas públicas. A avaliação da S&P para a Itália ainda está cinco passos acima do "status junk". As informações são da Associated Press.

PORTUGUESES CRIAM PERIGOSO FEIXE DE RAIOS GAMA

a aplicação militar deste feixe gama pode ser desastroso para a humanidade

Imagine uma lanterna capaz de iluminar o que está por detrás de 20 centímetros de chumbo ou de uma parede de cimento com um metro e meio de espessura. Será uma forma simplista de explicar o que conseguiram criar os investigadores da equipa do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) do Instituto Superior Técnico em colaboração com colegas da Universidade de Strathclyde, mas permite começar a ter uma ideia. O ano passado, numa experiência inédita num acelerador laser-plasma escocês, conseguiram criar o feixe de gaios gama (a radiação que se segue aos raios X em termos de energia) mais brilhante do planeta. Numa fracção de bilionésimo de segundo, explicou ao i o investigador João Mendanha Dias, conseguiu-se um brilho mil milhões de vezes superior ao do Sol. Embora neste momento seja ainda uma prova de conceito, este tipo de tecnologia - mais portátil que a hoje usada para produzir as fontes radioactivas utilizadas em radiologia e radioterapia - poderá ampliar o poder das ferramentas usadas em medicina. Os resultados da experiência em Glasgow são publicados esta semana na revista "Nature Physics". Além de abrir portas na medicina, uma tecnologia com esta poderá permitir criar novas ferramentas de análise industrial ou segurança. A técnica de obter radiação por oscilação dos electrões, e não nos tradicionais aceleradores, tem vindo a ser estudada pela equipa do IST e agora começa a revelar-se eficaz. As aplicações futuras vão depender de mais estudos e investimento. Se esta invenção for aplicada na indústria bélica dos EUA poderá revelar-se uma perigosa arma de múltiplas aplicações. Estarão os militares dos EUA a um passo de se tornarem os novos nazis?

A MADEIRA JÁ NÃO É UMA ILHA: "É UM BURACO ORÇAMENTAL"

 todas as forças se uniram para retirar Alberto João do seu reinado infindável

O Tribunal de Contas está a investigar um novo buraco de 220 milhões de euros nas contas da Madeira. Esse é o montante de um recente empréstimo contraído pela Empresa de Electricidade que o governo de Alberto João Jardim desviou para pagar despesas de funcionamento. "A questão está a ser analisada", confirmou o PÚBLICO junto do Tribunal de Contas, adiantando não haver "ainda conclusões" que deverão ser incluídas no próximo parecer às contas da região. Negando o que todos ouviram e viram declarar em comícios, Jardim diz agora que “tem sido atribuída ao Governo regional da Madeira uma intenção dolosa de 'ocultar' dados que seriam devidos a Entidades da República Portuguesa”. “Para tal, manipula-se qualquer eventual frase ou 'lapsus linguae', normal na torrente discursiva e emocional de um comício, só por se ter chamado à atenção que, se por coincidência os acertos então em curso estivessem prontos para comunicação à República, poderiam implicar mais cortes de verbas por parte do Governo socialista”. O Chefe do Governo madeirense reitera ainda que foi sua “preocupação não parar a Região, apesar da lei de finanças regionais socialista, fazendo as devidas correcções de contas com Bancos e Credores, e, logo que possível, informar nos termos da lei”. Assim, conclui o comunicado assinado por Jardim, “é doloso nos atribuir qualquer intenção em contrário, até porque o tornado público pelo INE foi com base nos próprios dados fornecidos pelo Governo Regional”. No sábado passado, Jardim reconheceu que tinha escondido défices da região para não ser penalizado com cortes nas transferências do Estado. “O Sócrates, o Teixeira dos Santos e o seu deputado Maximiano [Martins, candidato do PS à presidência do governo], que fez esta pouca vergonha toda à Madeira, tinham uma lei em que o Governo da República podia aplicar sanções sobre o Governo regional, se o Governo regional continuasse com obras a fazer dívida, porque eles não nos tinham dado o dinheiro e não nos autorizavam a fazer dívida”, confessou Jardim num jantar-comício, na Ribeira Brava.

PARPÚBLICA, REFER E CP PAGAM 700 MILHÕES SÓ EM JUROS DAS DÍVIDAS

Carlos Tavares, da CMVM, assiste perplexo a Parpública a afundar-se apesar dos apoios de milhões do Estado

A Refer teve de pagar 280 milhões de euros de juros. Os juros das dívidas das dez empresas públicas não financeiras com maiores passivos custaram, só no ano passado, cerca de 804 milhões de euros. Mais uma vez, a Refer surge destacada. A gestora da rede ferroviária nacional teve de pagar, durante o último exercício, cerca de 280 milhões de euros só em juros. Logo a seguir aparece a ‘holding' estatal Parpública, que destinou 270 milhões de euros, em 2010, para os juros cobrados pelo endividamento. Em terceiro lugar neste ‘ranking' do Sector Empresarial do Estado (SEE) está a CP. A transportadora ferroviária nacional teve de pagar quase 151 milhões de euros. O Metropolitano de Lisboa foi obrigado a destinar verbas equivalentes a quase 89 milhões de euros. E ainda no sector dos transportes, também a Metro do Porto teve de reservar cerca de 77 milhões de euros para pagamento de juros de dívida ao longo de 2010.

STRAUSS-KAHN: "EUROPEUS NÃO ESTÃO A TOMAR MEDIDAS DA MAGNITUDE DA CRISE"


enquanto falava na televisão sobre o caso da empregada, Kahn alertou para o impacto do que aí vem

O antigo director do FMI, Dominique Strauss-Kahn, defendeu uma exclusão da dívida da Grécia. Questionado ontem pela cadeia de televisão privada TF1 sobre a oportunidade de passar uma esponja sobre a dívida grega, Strauss-Kahn respondeu: "É uma ideia. A dívida, vemos bem que é enorme e que é preciso reduzi-la a todo o preço, salvo o preço da estagnação e da recessão". Strauss-Kahn acrescentou: "A cordilheira é estreita e os governos europeus estão a esforçar-se por seguir, porque não querem tomar a medida correspondente à magnitude do problema," disse, acrescentando que "a bola de neve cresce e torna-se cada vez mais difícil e o crescimento é cada vez menor". O antigo director do FMI criticou a lentidão dos Europeus na aplicação das suas decisões, após o acordo de 21 de Julho para um novo plano de ajuda à Grécia de cerca de 160 mil milhões de euros, sublinhando que "o tempo da economia é mais rápido do que o tempo da política". "Não creio que o euro esteja em dificuldade, mas creio que a situação é muito séria. Se não reagirmos rapidamente, em 25 anos a Europa vai ser uma terra de desolação, com fortes taxas de desemprego", alertou.

ESTADO DE GRAÇA DE PASSOS COELHO CHEGA AO FIM

aumentos e impostos fazem portugueses esperar pior Governo do que a era Sócrates

O estado de graça do Governo de Passos Coelho parece estar a chegar ao fim. Já são mais os que acham que esta equipa governamental vai governar pior (37%) do que a anterior, do que os que acham que vai governar melhor (34,4%). Segundo o barómetro mensal da Aximage para o Negócios e Correio da Manhã, o índice de expectativas no Governo caiu para 11 pontos, contra 57em Julho. Ainda assim bem acima dos valores negativos do índice quando era Sócrates quem chefiava o Executivo português.A queda acentuada das expectativas dos portugueses no Governo são resultado das medidas de austeridade anunciadas por Passos Coelho nos últimos meses, como a aplicação de uma taxa extraordinária sobre metade do subsídio de Natal que excede o salário mínimo e o aumento do IVA na el tricidade e gás para 23%. Medidas que também pesaram negativamente nas intenções de voto nos sociais-democratas. Depois de três meses a subir nas intenções de voto dos portugueses, o PSD regista em Setembro uma quebra. Ainda assim, continua a ser o preferido de 40,9% dos inquiridos, contra os 42% de Julho. Já o PS sobe, de 24% para 25,1%, uma ligeira recuperação que deixa o partido agora liderado por António José Seguro a uma larga distância do PSD (mais de 16 pontos percentuais). O CDS, o outro partido do Governo, também desce nas intenções de voto, passando de 10,3% em Julho para 7,1% em Setembro. A CDU sobe de 7,5% para 9% e o Bloco de Esquerda cai de 5,9% para 3,2%. Já a abstenção continua a sair “vencedora”, pois recolhe a preferência de 43,4% dos portugueses (40,6% em Julho). Já Pedro Passos Coelho está agora abaixo de Paulo Portas, Jerónimo de Sousa e José Seguro na avaliação dos portugueses aos líderes partidários, com uma nota negativa de 8,8 pontos. Paulo Portas colhe aqui a melhor pontuação (13 valores) e é também o ministro mais popular. Na avaliação ao Presidente da República, 37,6% dos portugueses dá nota positiva, mais do que os 28,1% que reprovam a sua actuação. A nota é agora de 11, o valor mais baixo desde Julho do ano passado e que compara com os 13,3 de Julho deste ano.

CENTRAL NUCLEAR DE FUKUSHIMA: UM MILHÃO DE JAPONESES PODEM MORRER

no futuro os decisores já não precisarão de guerras para matar milhões: basta criarem "acidentes"

As pessoas que viviam na zona evacuada em torno da central nuclear de Fukushima foram autorizadas a ir hoje às suas casas recolher alguns bens e verificar se está tudo bem com as propriedades. É a primeira vez que às cerca de 20 mil famílias é permitido voltar pelos seus meios à zona que o governo japonês interditou depois do sismo e tsunami de 11 de Março terem danificado a central nuclear de Fukushima. Nas visitas anteriores os residentes foram transportados até à zona em autocarros e sob inúmeras restrições. Muitos deles sabem que nunca mais poderão voltar a morar ali. Após ter divulgado várias informações contraditórias e falsas esperanças, o governo japonês, muito criticado pela forma como tem lidado com as consequências do acidente, admitiu na semana passada que a zona evacuada não poderá ser habitada pelo menos durante uma geração. "Não podemos descartar a possibilidade de que vá haver algumas áreas onde será difícil durante muito tempo os residentes regressarem às suas casas. Lamentamos muito", afirmou o porta-voz do governo, Yukio Edano. De acordo com Hiroyuki Wada, membro do governo envolvido na resposta à crise, citado pela Bloomberg, foi pedido às pessoas que entrassem na área aos pares para uma visita de quatro horas e foi-lhes dito que a Tepco, empresa responsável pela gestão da central nuclear, lhes forneceria equipamento adequado, tal como fatos de protecção e dosímetros (aparelhos que servem para medir as doses de radiações radioactivas). Segundo Satoshi Ohsumi, do centro de resposta de emergência da Agência para a Segurança Nuclear e Industrial do Japão, antes do desastre viviam cerca de 78 mil pessoas na zona evacuada de 20 quilómetros de raio em torno da central. Vários cientistas defendem que a situação é pior do que a provocada pelo acidente de Chernobyl em 1986. Ambas as catástrofes partilham o nível sete (máximo) na escala de desastres nucleares, no entanto, a física australiana e activista Helen Caldicott garante que em Fukushima os "horrores ainda estão por chegar". De acordo com o "The Independent", outro defensor desta visão mais alarmista é Chris Busby, professor na University of Ulster, que no mês passado gerou uma grande controvérsia quando afirmou, durante uma visita ao Japão, que o acidente ia resultar em mais de um milhão de mortes devido às fugas de material radioactivo. "Fukushima ainda tem a ferver os seus radionuclídeos [átomos com núcleos instáveis, que emitem radiação] para todo o Japão", afirmou. "Chernobyl aconteceu de uma só vez. Por isso Fukushima é pior", acrescentou. "A verdade é que não temos dados suficientes para fornecer informações rigorosas sobre o impacto a longo prazo" defende, Tim Mousseau, cientista que passou mais de uma década a investigar o impacto de Chernobyl na genética."O que podemos afirmar no entanto é que é muito provável que exista um impacto significativo a longo prazo na saúde devido à exposição prolongada", explicou, acrescentando que muitas pessoas em Fukushima estão a "enterrar a cabeça na areia".

GOVERNO SUSPENDE APOIOS A FUNDAÇÕES

fundações e institutos estéreis e inúteis sorvem ao Estado milhões por ano para "boys" dos partidos

As fundações que não responderem ao inquérito do governo até ao final do ano perdem automaticamente 10% das transferências do Estado. Os apoios financeiros vão ficar suspensos até que sejam conhecidos os resultados do inquérito às fundações, anunciado pelo governo a semana passada. A medida é preventiva, mas depois do fim do censo vai tornar-se definitiva para alguns destes organismos. Na iniciativa já entregue no parlamento, o governo propõe como medida preventiva, com efeitos imediatos logo depois da publicação do diploma, a "cessação de qualquer apoio financeiro a fundações públicas de direito privado e a fundações privadas, concedido pela administração directa ou indirecta do Estado, regiões autónomas, autarquias locais, outras pessoas colectivas da administração autónoma e demais pessoas colectivas públicas". Além disto, o executivo de Passos Coelho suspende todas as fundações e também o seu estatuto de utilidade pública. As fundações ficam, assim, praticamente congeladas até o censo estar fechado e até estar feita a avaliação custo/benefício e da viabilidade financeira que o governo pretende fazer. O governo apresenta ainda sanções para as fundações que não respondam aos censos. Medidas que "visam assegurar o cumprimento efectivo e tempestivo do dever de resposta ao questionário", diz a proposta. O governo quer ter acesso aos dados dos relatórios de actividades, relatórios de contas e gestão e aos valores dos apoios financeiros, desde 2008. Além disso as fundações têm de prestar informações sobre os vínculos, remunerações e outros benefícios dos funcionários e ainda o valor do património afecto pela administração directa e indirecta do Estado. Os organismos que não responderem ficam automaticamente sem 10% da dotação orçamental ou da transferência do Orçamento do Estado, no mês ou nos meses seguintes ao incumprimento, "até que a situação tenha sido devidamente sanada", lê-se no documento. O censo a estas entidades, decidido a semana passada em Conselho de Ministros, tem de estar fechado até ao final do ano. Depois de conhecidos todos os detalhes sobre cada fundação, cabe ao ministério das Finanças em conjunto com a entidade da administração pública responsável - seja ela central, regional ou local - decidir se levanta as medidas preventivas ou se as transforma em definitivas. A decisão final do gabinete de Vítor Gaspar e dos organismos da administração pública têm de ser tomada até 30 dias após a publicação do resultado do censo. Caso a fundação seja participada pelas regiões autónomas ou autarquias, o prazo é alargado por mais dez dias, para que os governos regionais e as câmaras municipais se possam pronunciar.

TELEMÓVEIS DE DUARTE LIMA EVIDENCIAM PREMEDITAÇÃO DO CRIME

Duarte Lima utilizou vários telemóveis comprados horas antes do crime  

Domingos Duarte Lima terá utilizado diversos telemóveis na véspera e no dia em que foi assassinada Rosalina Ribeiro, antiga secretária e companheira do milionário português Lúcio Tomé Feteira – apurou o SOL junto das autoridades do Rio de Janeiro que investigam o crime, ocorrido a 7 de Dezembro de 2009. Esta circunstância reforça a suspeição da Polícia brasileira sobre o envolvimento do advogado no assassínio, já que não foi registada nesses dias nenhuma ligação telefónica, conforme o próprio referiu, entre o seu telemóvel ‘oficial’ e Rosalina – ao passo que existem várias chamadas de um outro número para esta, feitas nas imediações da sua residência, onde Duarte Lima a recolheu no carro que alugara. Só depois de ter localizado a rent-a-car utilizado por Lima é que a Polícia descobriu onde o advogado pernoitara. E descobriu ainda três números de telemóvel brasileiros, que Duarte Lima dera à firma como referência para fazer o contrato de aluguer do carro: um indicou-o como sendo dele próprio, mas na verdade é titulado pelo motorista de executivos Wenderson Oliveira (que em viagens anteriores, em Setembro e Novembro de 2009, o conduzira num carro diferente); outro é também pertença do motorista e o terceiro é de Marlete Oliveira, sua secretária, que também se encontrava em Belo Horizonte.

Foi através do registo das chamadas recebidas por esta nos dois dias em que Duarte Lima permaneceu em Belo Horizonte que os investigadores determinaram que o advogado estaria a usar no país dois telemóveis em roaming: um com cartão português sem assinatura e um com cartão suíço. E é pela localização celular (que permite identificar o percurso do utilizador desses aparelhos) e pelo fluxo das chamadas efectuadas para Marlete naqueles dois dias, que as autoridades brasileiras têm a convicção de que Duarte Lima teria esses telemóveis na sua posse e que, na véspera do crime, obedecendo a um plano, circulou durante mais de três horas na zona onde o corpo de Rosalina viria a ser encontrado (conhecida por Região dos Lagos). Foi descoberto ainda um outro cartão de telemóvel, também português e sem assinatura, que apenas serviu para contactar Rosalina na véspera e no dia em que esta foi morta. O número deste cartão apenas difere do primeiro nos três últimos algarismos – o que indica, segundo as autoridades brasileiras, tratar-se de cartões da mesma série, emitidos pela operadora no mesmo dia, e que poderão ter sido vendidos à mesma pessoa na mesma loja. Foi este, aliás, o primeiro número que despertou a suspeita nos investigadores e os levou a estabelecer desde logo uma relação com a pessoa com quem Rosalina fora ao encontro, a 7 de Dezembro de 2009. Foi o próprio advogado português quem forneceu a pista aos agentes da Polícia brasileira quando, dois dias depois do desaparecimento da sua cliente, lhes enviou um fax onde assumia que, após um telefonema que esta lhe fizera na véspera, deslocara-se de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, onde ficara agendado, pelas 20h, um encontro entre os dois. Segundo o próprio, a chamada teria sido efectuada para o número de telemóvel que forneceu à Polícia. (in, Jornal Sol).

FINANCIAL TIMES CHAMA À MADEIRA "A ILHA DESONESTA"

é incontornável e já inevitável o fim do reinado de Alberto João na Madeira

O 'Financial Times' considera a Madeira a "ilha desonesta", enquanto o 'La Vanguardia' diz que Jardim é um "rebelde dentro do seu partido". O buraco de 1.113 milhões de euros da Madeira, que foi hoje revelado pelo Banco de Portugal e pelo INE, não escapou à generalidade da imprensa internacional, que refere que vai colocar ainda mais pressão sobre Portugal no cumprimento das medidas acordadas com a 'troika' no âmbito do resgate internacional. O Financial Times é um deles. No blogue de um dos seus colaboradores, o maior jornal britânico refere-se à Madeira como a "ilha desonesta". "A Madeira, um pitoresco arquipélago de 267,000 pessoas, esbarrou com Portugal continental esta sexta-feira, espalhando-se em cacos de um novo passivo", escreve o jornalista Joseph Cotterill no FT AlphaVille. Também o Wall Street Journal colocou na sua homepage a notícia com o título: "Portugal encontra buraco de 1,5 mil milhões de dólares". O jornal económico norte-americano adianta que o "Banco de Portugal revelou esta sexta-feira que a ilha da Madeira, uma pequena região autónoma, omitiu 1,1 mil milhões de euros (1,53 mil milhões de dólares) de endividamento nos últimos ano, situação que vai colocar mais pressão sobre o país no cumprimento dos objectivos orçamentais perante o seu resgaste internacional massivo". No país vizinho, é o La Vanguardia a dar conta do novo buraco madeirense, que "vai obrigar Portugal a rever o seu défice", referindo-se a Jardim como um político "com uma reputação de rebelde dentro do seu partido e historicamente polémico nas suas declarações". Já no Brasil, o Globo titula que a "llha da Madeira omite dívida bilionária e eleva pressão sobre Portugal".

ECONOMISTAS JÁ ADMITEM SAÍDA DO EURO

finalmente começa a passar para a imprensa o que já se comentava à porta fechada na Assembleia

Comentado abertamente no exterior - e admitido por cada vez mais pessoas em Portugal. O risco de saída de Portugal da zona euro continua a ser afastado pelas lideranças políticas dos três partidos, mas é admitido por cada vez mais economistas e empresários - mesmo aqueles que defendem que essa saída, que teria que ser voluntária à luz dos actuais tratados europeus, resultaria num desastre para o país. A admissão de tal cenário - que não significa que seja o mais provável - sinaliza uma tendência de mudança na percepção. Há um ano a saída da moeda única era um cenário considerado impensável pela generalidade dos políticos portugueses - excepto na esquerda radical (ver texto na página 20) - e com probabilidade mínima ou nula por vários economistas. O agudizar da crise na zona euro e a aceleração de uma eventual falência grega têm alterado a percepção. Por outro lado, a análise dos últimos dez anos do euro e das condições competitivas da economia portuguesa, levam a que surjam mais pessoas não só a admitir o risco de saída, mas a defender essa decisão, abrindo um debate público sobre a análise custo/benefício da moeda única. "Uma saída controlada teria custos muito fortes no curto prazo, mas a médio prazo poderia representar o fim de uma década de estagnação e a possibilidade de voltarmos a crescer como há mais de dez anos não crescemos", aponta o economista Pedro Braz Teixeira, investigador da Universidade Católica e ex-membro do gabinete de Manuela Ferreira Leite nas Finanças. A saída do euro teria de ser negociada voluntariamente - a expulsão não é permitida pelas actuais regras europeias - e o processo poderia demorar algum tempo. "As pessoas têm mais consciência de que a saída seria um processo muito complexo", comenta Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, para quem o risco de saída não existe.

ESQUERDA EM BERLIM PREPARA DERROTA DE MERKEL

Merkel a um passo de ter de abandonar as suas incompetentes políticas europeias

Os sociais-democratas alemães (SPD) preparam-se para novo triunfo nas eleições regionais de Berlim, no domingo, a avaliar pelas últimas sondagens, que os colocavam bem à frente dos democratas cristãos (CDU) da chanceler Angela Merkel. Há 10 anos no poder em Berlim, em coligação com os neocomunistas do die Linke, o SPD e o popular burgomestre Klaus Wowereit recolhiam nos últimos inquéritos de opinião mais de 30 por cento nas intenções de votos, contra escassos 20 por cento para a CDU. Os sociais-democratas só deverão ter uma dificuldade pela frente: que parceiro escolher para formar novo Senado entre o seu atual aliado, os neocomunistas do Die Linke, e os ambientalistas Verdes. A hipótese de uma coligação do SPD com a CDU foi categoricamente posta de parte por Wowereit durante a campanha eleitoral berlinense, reduzindo ainda mais as esperanças do cabeça de lista democrata cristão, Frank Henkel. O melhor a que a CDU poderá aspirar, segundo os mesmos inquéritos de opinião, é superar os Verdes, que chegaram a ser dados como favoritos nestas eleições há um ano, mas entretanto caíram nas intenções de voto, devendo quedar-se pelos 19 por cento. A confirmar-se a derrota da CDU e a derrocada do FDP em Berlim, a pressão sobre o executivo de Merkel, cujo partido voltou a sofrer copiosa derrota nas regionais de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, há duas semanas, poderá aumentar.