finalmente começa a passar para a imprensa o que já se comentava à porta fechada na Assembleia
Comentado abertamente no exterior - e admitido por cada vez mais pessoas em Portugal. O risco de saída de Portugal da zona euro continua a ser afastado pelas lideranças políticas dos três partidos, mas é admitido por cada vez mais economistas e empresários - mesmo aqueles que defendem que essa saída, que teria que ser voluntária à luz dos actuais tratados europeus, resultaria num desastre para o país. A admissão de tal cenário - que não significa que seja o mais provável - sinaliza uma tendência de mudança na percepção. Há um ano a saída da moeda única era um cenário considerado impensável pela generalidade dos políticos portugueses - excepto na esquerda radical (ver texto na página 20) - e com probabilidade mínima ou nula por vários economistas. O agudizar da crise na zona euro e a aceleração de uma eventual falência grega têm alterado a percepção. Por outro lado, a análise dos últimos dez anos do euro e das condições competitivas da economia portuguesa, levam a que surjam mais pessoas não só a admitir o risco de saída, mas a defender essa decisão, abrindo um debate público sobre a análise custo/benefício da moeda única. "Uma saída controlada teria custos muito fortes no curto prazo, mas a médio prazo poderia representar o fim de uma década de estagnação e a possibilidade de voltarmos a crescer como há mais de dez anos não crescemos", aponta o economista Pedro Braz Teixeira, investigador da Universidade Católica e ex-membro do gabinete de Manuela Ferreira Leite nas Finanças. A saída do euro teria de ser negociada voluntariamente - a expulsão não é permitida pelas actuais regras europeias - e o processo poderia demorar algum tempo. "As pessoas têm mais consciência de que a saída seria um processo muito complexo", comenta Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, para quem o risco de saída não existe.