a aplicação militar deste feixe gama pode ser desastroso para a humanidade
Imagine uma lanterna capaz de iluminar o que está por detrás de 20 centímetros de chumbo ou de uma parede de cimento com um metro e meio de espessura. Será uma forma simplista de explicar o que conseguiram criar os investigadores da equipa do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) do Instituto Superior Técnico em colaboração com colegas da Universidade de Strathclyde, mas permite começar a ter uma ideia. O ano passado, numa experiência inédita num acelerador laser-plasma escocês, conseguiram criar o feixe de gaios gama (a radiação que se segue aos raios X em termos de energia) mais brilhante do planeta. Numa fracção de bilionésimo de segundo, explicou ao i o investigador João Mendanha Dias, conseguiu-se um brilho mil milhões de vezes superior ao do Sol. Embora neste momento seja ainda uma prova de conceito, este tipo de tecnologia - mais portátil que a hoje usada para produzir as fontes radioactivas utilizadas em radiologia e radioterapia - poderá ampliar o poder das ferramentas usadas em medicina. Os resultados da experiência em Glasgow são publicados esta semana na revista "Nature Physics". Além de abrir portas na medicina, uma tecnologia com esta poderá permitir criar novas ferramentas de análise industrial ou segurança. A técnica de obter radiação por oscilação dos electrões, e não nos tradicionais aceleradores, tem vindo a ser estudada pela equipa do IST e agora começa a revelar-se eficaz. As aplicações futuras vão depender de mais estudos e investimento. Se esta invenção for aplicada na indústria bélica dos EUA poderá revelar-se uma perigosa arma de múltiplas aplicações. Estarão os militares dos EUA a um passo de se tornarem os novos nazis?