MARCHAS POPULARES: ESPECTÁCULO PARA A TELEVISÃO

as marchas parecem-se cada vez mais com os desfiles de Carnaval

Quem esteve na Avenida da Liberdade a assistir às Marchas Populares de Lisboa apercebeu-se de que a quantidade de público presente não era a mesma de outrora. Um povo pouco eufórico, esgotado pela crise, limitava-se a observar os desfiles sem grande alegria. Os mais jovens bebiam cerveja, mas os vendedores ambulantes, quase inexistentes, queixavam-se de nada venderem. Uma senhora de idade que empurrava um carrinho de compras cheio de bebidas lamentava-se por apenas ter conseguido vender duas águas. Também os cafés e bares da Avenida pouco vendiam e as expectativas de negócio antes do espectáculo eram muito superiores ao valor realmente facturado no final da noite. Em frente à tribuna a RTP montava um espectáculo televisivo que pouco ou nada representava o que se vivia na rua... A moldura humana que transparecia nos ecrãns de televisão, vista de trás, era como figuras de cartão de um cenário que depois das filmagens feitas, se retiram e se empilham num camião, pois o que ali se vendia era uma imagem de alegria que já não existe no seio da maioria das famílias portuguesas...