MÁRIO SOARES PREOCUPADO COM DECADÊNCIA DA EUROPA

a decadência europeia é visível na ausência de opinião sobre as revoluções africanas

O antigo Presidente da República e primeiro-ministro Mário Soares manifestou-se “muito preocupado” com a “decadência da Europa”, a que não são alheias “fracas lideranças” e o desvirtuamento das famílias políticas da democracia-cristã e do socialismo democrático. Numa declaração a propósito do Dia da Europa (passado dia 7), o principal responsável pela adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE) considerou que a UE não tem estado à altura da solidariedade que o momento actual exige. No mesmo sentido, o professor universitário, antigo presidente do CDS e antigo ministro do Estado Novo Adriano Moreira defende que “o espírito dos fundadores está afectado e o progresso da União Europeia precisa de recuperar esse espírito, e também de recuperar líderes da mesma qualidade." Na apresentação do livro “No centro do furacão”, que reúne textos de Mário Soares, muitos dos quais acerca do estado da Europa, o antigo Chefe de Estado e de Governo referiu-se também ao papel das “famílias políticas que fizeram a Europa”, o “socialismo democrático e democracia-cristã (que se baseava na doutrina social da Igreja)”, nesta “decadência” do projeto europeu. Para Soares, “os democratas-cristãos ou acabaram ou os partidos que se assumem como democratas-cristãos tornaram-se populistas ou populares, com uma estrutura neo-liberal muito vincada”. A debilidade europeia ficou igualmente patente na reação às revoltas no mundo árabe, defendeu Mário Soares, sublinhando que foram movimentos “a favor da liberdade”, cujos participantes “não dizem uma palavra contra Israel, contra os Estados Unidos e a Europa”.