TROIKA PEDE AUSTERIDADE EXTREMA A PORTUGAL, FMI APELA A MODERAÇÃO

Lagarde teme que austeridade extrema aniquile países como Grécia, Portugal e Irlanda

Christine Lagarde pede aos governos que não penalizem o crescimento mundial com políticas orçamentais demasiado austeras. Lutar contra os problemas das dívidas soberanas não deve asfixiar o crescimento económico. É esta a mensagem dirigida hoje por Christine Lagarde aos governos mundiais num artigo publicado no Financial Times. A nova directora do FMI apela a alguma moderação, dado que vários planos de austeridade "massivos" foram já aprovados ou estão em preparação em diversos países. Mais e mais austeridade, avisa, poderá "bloquear a retoma mundial". No mesmo tom alarmista que o seu antecessor, Dominique Strauss-Kahn, Lagarde dirigiu-se sobretudo às "economias avançadas", para as quais "existe uma necessidade inequívoca de restaurar a sustentabilidade orçamental através de planos de consolidação credíveis", admite Lagarde. "Mas ao mesmo tempo sabemos que travar demasiado depressa vai penalizar a retoma e agravar as perspectivas para o mercado de trabalho", considera a directora do FMI, acrescentando que, "por isso, os ajustamentos orçamentais não devem ser nem demasiado rápidos nem demasiado lentos". Segundo a responsável, o que é preciso é que os governos concentrem os seus esforços "na consolidação orçamental no médio prazo e, no curto prazo, no apoio ao crescimento e mercado de trabalho", o que "pode parecer contraditório", mas, nota, são esforços que "se reforçam mutuamente". Lagarde alerta ainda que os cortes na despesa não serão suficientes e que as receitas devem igualmente aumentar, concentrando-se sobretudo em "medidas que tenham o menor efeito na procura".