APIFARMA COBRA 50 MILHÕES EM JUROS AOS HOSPITAIS PÚBLICOS

depois da guerra da unidose, o império das farmacêuticas contra-ataca

A Apifarma decidiu cobrar oito por cento de juros sobre as dívidas dos hospitais públicos com mais de três meses, dívidas que ascendem já aos 550 milhões de euros. O valor das dívidas hospitalares à indústria farmacêutica quase duplicou nos últimos 16 meses, tendo atingido em Abril o valor recorde de 788 milhões de euros. Apesar de achar que a decisão de cobrar juros sobre as dívidas de hospitais com mais de três meses ser legítima, Pedro Lopes lembra que os hospitais também têm dinheiro por receber. A indústria farmacêutica fez saber que não tinha outro recurso senão cobrar juros aos hospitais públicos em dívidas com mais de três meses, em vista do agravamento da situação. O Ministério da Saúde e os hospitais ainda não receberam qualquer informação da Apifarma sobre a eventual cobrança de juros que a indústria farmacêutica pretende impor aos hospitais. Esta medida repentina da Apifarma poderá ser uma "resposta" às medidas drásticas do Ministério da Saúde que fez reduzir substancialmente os lucros das farmacêuticas nos últimos meses, designadamente a lei da unidose, com vista à redução da despesa do governo com a Saúde. O Infarmed assegurou recentemente, por exemplo, que nenhuma farmácia ou oficina em Portugal aderiu à venda de medicamentos em unidose. A Ordem dos Farmacêuticos e a Apifarma assinalaram os perigos de contrafacção desta prática que está a ser abandonada em alguns países.