SÓCRATES CONTRA VETO DO GOVERNO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Sócrates vetado por Cavaco?

O primeiro-ministro acusa o PSD de ter lançado «um estratagema constitucional» para aumentar a instabilidade política, criticando o regresso ao passado proposto pelos social-democratas. Numa intervenção no encerramento do Congresso da Juventude Socialista, que decorreu em Lisboa, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, José Sócrates afirmou em resposta às propostas lançadas pelo líder do PSD de revisão da Constituição, nomeadamente a consagração da possibilidade do Presidente da República demitir o Governo, que «isso não é nenhuma proposta de futuro, isso bem pelo contrário é um regresso ao passado e é criar condições para promover circunstâncias de instabilidade política». José Sócrates deixou duras críticas aos social- democratas, acusando-os de estarem a utilizar «um estratagema constitucional com vista a aumentar também as condições de instabilidade» do sistema político. «Isso tem apenas a ver com os interesses mesquinhos e conjunturais de um partido cujo único pensamento é fazer o possível para definir um modelo constitucional que provoque ainda mais instabilidade e que dê agora mais possibilidades para haver instabilidade política no nosso país», acusou.

Lamentando a «forma tão vazia e com tantas generalidades e vulgaridades» com que se fala sobre o futuro, o secretário-geral do PS considerou ainda que a proposta de o Presidente da República poder demitir o Governo é «um regresso ao passado», ao tempo «em que havia Governo atrás de Governo, instabilidade atrás de instabilidade, em que os problemas se somavam uns aos outros». «Não é assim que constrói o futuro», disse, salientando que o PS não aceita que se queira «ajustar contas com a história, pensando que esta Constituição precisa de ser limpa e assumindo, portanto, que é uma Constituição que nos envergonha». «O que a direita quer é fazer uma revisão constitucional que no fundo acabe com a gratuidade e com a universalidade do Serviço Nacional de Saúde e no fundo implementar um sistema de co-pagamento, quer na saúde, quer na educação», acrescentou, retomando uma ideia já por si deixada no encerramento das jornadas parlamentares socialistas.