O Presidente da Líbia, Muammar Kadhafi, garantiu ontem que vai permanecer na Líbia como “chefe da revolução”, combater os manifestantes e “morrer como um mártir”. O líder líbio apelou aos seus apoiantes para “tomarem a rua aos manifestantes” a partir de quarta-feira e garantiu que irá combater “até à última gota do meu sangue”. Kadhafi prometeu que “perante esta situação” não vai sair da Líbia e sublinhou: “Este é o nosso país e o país dos nossos avós. Não vamos deixar que o destruam”. Num discurso muito exaltado o dirigente líbio, que subiu ao poder em 1969 após dirigir um golpe de Estado, exprimiu-se em directo pela televisão estatal no início da tarde e pela primeira vez após uma semana de insurreição no seu país. O “líder da revolução verde” escolheu um pódio colocado à entrada de um edifício bombardeado, provavelmente a sua antiga residência de Tripoli bombardeada por aviões norte-americanos em 1986, e que não foi reconstruída para recordar o ataque, no qual morreu uma sua filha adoptiva.
Ataques aéreos contra manifestantes, cidades controladas pelo povo após fuga de militares e polícias, edifícios governamentais em chamas, mais de duas centenas de vítimas mortais e um aeroporto em mãos rebeldes era no domingo o balanço das revoltas que afectam a Líbia. Com milhares de pessoas nas ruas e com demissões no Governo líbio, nomeadamente o ministro da Justiça, a União Europeia estuda a retirada dos seus cidadãosd aquele país árabe, em particular da cidade de Benghazi, reduto dos opositores ao regime de Kadhafi, anunciou a ministra dos Negócios Estrangeiros espanhola, Trinidad Jiménez. Portugal enviou já um avião militar C-130 da Força Aérea para repatriar cerca de 50 portugueses que vivem no Líbano. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas já garantiu que a totalidade de cidadãos lusos que estão no país vão sair até ao fim do dia de hoje. O filho do Presidente líbio advertiu a população que o país corre sérios riscos de entrar numa guerra civil e garantiu que será criada uma comissão para investigar a violenta repressão dos manifestantes. Saif Kadhafi rejeitou ainda o elevado número de mortos e prometeu reformas políticas. Entretanto, Kadhafi deverá abandonar a capital rumo à Venezuela, em direcção a Sirte, a sua terra natal.