MANIFESTAÇÃO LABORAL VIOLENTA NA TURQUIA

depois da tentativa de revolução na Turquia, no ano passado, a revolta reacende-se

A polícia turca usou ontem em Ancara gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar os participantes de uma manifestação contra a reforma laboral. A marcha de protesto, que reuniu perto de 10 mil pessoas, avançou até ao recinto do Parlamento turco, ignorando a proibição imposta pelas autoridades, segundo testemunharam jornalistas da agência noticiosa espanhola EFE. O ministro do Interior turco, Besir Atalay, já classificou a manifestação como "ilegal", recordando que é proibido realizar acções de protesto junto ao Parlamento. Desde as primeiras horas do dia, a polícia bloqueou os acessos à praça de Kizilay, situada no centro da capital turca. Representantes sindicais ainda tentaram negociar com as forças de segurança, para que a marcha pudesse ir até às imediações do Parlamento, mas a polícia não permitiu. Alguns grupos de manifestantes mostraram a sua indignação e atiraram objectos contra os elementos das forças de segurança, que responderam com jatos de água e gás lacrimogéneo. Muitos manifestantes gritaram durante a marcha várias frases relacionadas com a actual revolta no Egipto. "Tayyip, desejamos-te um final feliz como Mubarak!", foram algumas das palavras de ordem ouvidas durante o protesto. A manifestação foi convocada pelos principais sindicatos turcos para contestar a reforma laboral proposta pelo Governo de Ancara. A "lei bolsa", que actualmente está a ser discutida no Parlamento, integra um pacote de 163 medidas, das quais se destacam a redução do salário mínimo para os jovens e a possibilidade de deslocar os funcionários e de contratar trabalhadores sem segurança social.