Taxas de juro de 5% sobre a dívida pública é o limite do financiável, defende Michel Aglietta, e Portugal está quase nesse ponto, alerta. O País até poderá recorrer à ajuda do Fundo de Estabilização Financeira, admite o antigo conselheiro económico do primeiro-ministro francês, mas será para resolver um problema temporário de liquidez e não por risco de insolvência. Vê a pressão que os mercados financeiros exercem sobre Portugal como uma pressão que surge na sequência de um processo que teve início o ano passado com a Grécia e que se traduziu pelo facto de os países chamados periféricos, de um conjunto de países da zona euro, terem dificuldades ao nível da dívida pública e que não são da mesma natureza. "Grécia e Portugal vêem de problemas orçamentais já antigos que deram lugar a défices estruturais durante toda a década da zona euro e que acumularam dívida pública. Já a Irlanda e Espanha vêm de uma situação de crise de dívida privada transferida para o Estado. Em ambos os casos os mercados consideram que hoje é quase a mesma coisa, ou seja, a pressão sobre as dívidas públicas parece ser, talvez, dificilmente sustentável face às características actuais do crescimento. E como os mercados, numa situação de preocupação são, são muitas vezes pouco racionais, muitos investidores tentam sair, por isso é necessário aumentar as taxas de juro subir para níveis que são impossíveis de financiar. Portugal está mais ou menos neste limite. Do meu ponto de vista, uma taxa de juro superior a 5% sobre a dívida está no limite do financiável. Estamos numa situação em que a possibilidade de procurar ajuda, semelhante à da Irlanda e da Grécia, é algo que deve ser tido em conta".
PORTUGAL NO LIMITE DAS TAXAS FINANCIÁVEIS
Taxas de juro de 5% sobre a dívida pública é o limite do financiável, defende Michel Aglietta, e Portugal está quase nesse ponto, alerta. O País até poderá recorrer à ajuda do Fundo de Estabilização Financeira, admite o antigo conselheiro económico do primeiro-ministro francês, mas será para resolver um problema temporário de liquidez e não por risco de insolvência. Vê a pressão que os mercados financeiros exercem sobre Portugal como uma pressão que surge na sequência de um processo que teve início o ano passado com a Grécia e que se traduziu pelo facto de os países chamados periféricos, de um conjunto de países da zona euro, terem dificuldades ao nível da dívida pública e que não são da mesma natureza. "Grécia e Portugal vêem de problemas orçamentais já antigos que deram lugar a défices estruturais durante toda a década da zona euro e que acumularam dívida pública. Já a Irlanda e Espanha vêm de uma situação de crise de dívida privada transferida para o Estado. Em ambos os casos os mercados consideram que hoje é quase a mesma coisa, ou seja, a pressão sobre as dívidas públicas parece ser, talvez, dificilmente sustentável face às características actuais do crescimento. E como os mercados, numa situação de preocupação são, são muitas vezes pouco racionais, muitos investidores tentam sair, por isso é necessário aumentar as taxas de juro subir para níveis que são impossíveis de financiar. Portugal está mais ou menos neste limite. Do meu ponto de vista, uma taxa de juro superior a 5% sobre a dívida está no limite do financiável. Estamos numa situação em que a possibilidade de procurar ajuda, semelhante à da Irlanda e da Grécia, é algo que deve ser tido em conta".