REVOLUÇÃO NO MEDITERRÂNEO ALASTRA À JORDÂNIA

a monarquia jordana está em perigo face à onda islâmica que alastra no mediterrâneo

O primeiro-ministro jordaniano Marouf al-Bakhit vai reunir hoje com a oposição, um dia depois de tomar posse, resultado de várias manifestações exigindo reformas, indicou um de seus colaboradores mais próximos, que pediu o anonimato. Bajit, cuja nomeação foi criticada pela Frente de Ação Islâmica (FAI), iniciou nesta quarta-feira os trabalhos de formação de seu governo, cuja composição "deve ser anunciada no sábado ou domingo se as consultas avançarem", disse a fonte. O primeiro-ministro designado reunirá na quarta e quinta-feira com os dirigentes de todos os partidos políticos, sobretudo os islâmicos e de esquerda, "assim como todos os sindicatos profissionais", acrescentou. O rei Abdullah da Jordânia destituiu na terça-feira o seu primeiro-ministro Samir Rifai para tentar apaziguar os manifestantes, mas os islamitas afirmam que o substituto "não é reformista" e prometem novos protestos.

Hamza Mansour, líder da Frente de Acção Islâmica (FAI), ramo político da Irmandade Muçulmana rejeitou a designação de al-Bakhit após considerar "não ser a pessoa certa para as funções". "Al-Bakith é um homem dos serviços de segurança, um antigo general e quadro dos serviços secretos. Não acredita na democracia", considerou Mansour em declarações à agência norte-americana AP. Em alternativa, o líder político islamita disse que o país necessita "de uma figura nacional que retire a Jordânia da grave crise política e social". A Jordânia confronta-se com uma crescente dívida externa, avaliada em 11 mil milhões de euros, uma taxa inflação que disparou 1,5 por cento em dezembro para atingir os 6,1 por cento e um elevado índice de desemprego (12 por cento) e pobreza (25 por cento dos 6,5 milhões de habitantes). Na terça-feira, o rei Abdullah anunciou a demissão do Governo e ordenou ao novo primeiro-ministro medidas imediatas para revitalizar a economia, combater o desemprego e iniciar uma abertura política. Al-Bakhit, 63 anos, antigo embaixador em Israel, é conhecido pelo seu apoio sem restrições às fortes relações do país com os Estados Unidos e ao acordo de paz da Jordânia com Israel, opções muito criticadas pelos islamistas e das formações da esquerda jordana.