o Governo disse que não houve "pagamentos duplicados" indevidos à LUSOPONTE, mas sim "recebimentos"...
Durante um jantar-comício no âmbito das jornadas parlamentares do partido, Francisco Louçã utilizou por diversas vezes a ironia e o humor para criticar o que disse ser "o autoritarismo" do Governo PSD/CDS-PP e as suas explicações sobre casos como o da Lusoponte, da privatização do BPN ou os dividendos na REN e EDP. "O Governo descobriu agora uma nova forma de tratar os problemas e eu quero falar-vos dela, porque ela é imaginosa, não podíamos supor que isto fosse possível. A solução do Governo é: se há um problema, mudamos-lhe o nome, chamamos-lhe uma coisa diferente", ironizou.
Sobre o pagamento de dividendos aos novos acionistas chineses e omanitas das empresas energéticas portuguesas, o coordenador do BE usou o mesmo tom, referindo-se ao confronto com Passos Coelho no debate quinzenal para reiterar que está em causa "a palavra" do chefe do Governo. "Dizia então o primeiro-ministro 'não, não, não tem nenhum sentido, como é que é possível?' Veio a secretária de Estado do Tesouro corrigi-lo ontem, dizendo que não haja dúvidas, 36 milhõezinhos são garantidos", continuou Louçã.
Em seguida, Louçã referiu-se ao BPN: "Eles estão a inventar uma nova linguagem, uma nova língua portuguesa. Vejam só, ao BPN tinham dado 5.000 milhões de euros, deram mais 600 milhões e agora ainda vão dar 300 milhões a juro zero, mas esses 300 milhões, dizem eles, não são um empréstimo, são uma linha de crédito".
O líder bloquista referiu-se depois ao caso das portagens da ponte sobre o Tejo para acusar o Governo de "pensar que o povo é parvo". "A Lusoponte, dirigida por um ex-ministro do PSD, cobrou as portagens e cobrou ao Estado o que o Estado tinha de lhe pagar se não tivesse recebido as portagens dos automobilistas. Pagaram duas vezes? Não, diz o Governo com um ar indignado. Dois pagamentos? Não, houve dois recebimentos. É uma nova língua", disse. Neste contexto, Louçã afirmou que "afinal o problema do Governo não é o Acordo Ortográfico". "O problema é que não falam português, inventaram uma nova língua que é o 'financês', que, aliás, se conjuga com 'hipocrês'. É uma nova língua", disse, com ironia. Mais à frente, Francisco Louçã apresentou o que disse ser "o resumo que não podia ser mais claro da falta de transparência, de respeito, de responsabilidade", referindo que "uma empresa que tutela as águas de Barcelos ficou com a água de oito municípios do distrito de Aveiro", após ter ganho 172 milhões de euros numa disputa legal por "não ter sido gasta água suficiente" no município onde está fixada. "O contrato garantia que era paga a água gasta e a água não gasta. Não gastaram o suficiente, não desperdiçaram água, não abusaram da água, multa sobre essa gente. Há quem tenha um contrato que pode impor 172 milhões de euros num município como Barcelos", criticou. Para Louçã, o caso prova que "o país está a saque".