Sócrates, mentiras, desmentidos e dinheiro são palavras que estão sempre na mesma frase...
Uma testemunha do julgamento do caso Freeport revelou, esta segunda-feira, que o arguido Charles Smith lhe confidenciou estar a "negociar em segredo" com o então ministro do Ambiente, José Sócrates, a aprovação do centro comercial de Alcochete.
O irlandês William Mckinney, antigo proprietário dos terrenos da antiga fábrica de pneus da Firestone onde foi construído o empreendimento, disse ao Tribunal do Barreiro, por videoconferência, que Smith lhe contou que as negociações estavam a ser feitas em "grande segredo" e que nem os funcionários do Freeport estavam a par das conversações com José Sócrates.
Segundo a testemunha, o arguido Charles Smith, que trabalhou para a Mckinney, mas desejava ser contratado pela Freeport, e o seu sócio Manuel Pedro pediram-lhe também 22 milhões de escudos para efectuar contribuições aos "partidos políticos" com representatividade na zona de Alcochete, por forma a "agilizar" a aprovação do projecto Freeport.
William Mckinney disse ter ideia que esse dinheiro foi enviado para os consultores Smith & Pedro, mas, como já não dispõe dos papéis de há 12 anos, não pode comprovar a remessa desse dinheiro. Afirmou também não poder garantir que o dinheiro tenha chegado aos destinatários, nomeadamente autarcas ou partidos, mas disse não ter razões para acreditar que os consultores tenham ficado com aquela soma.
O antigo proprietário dos terrenos onde foi construído o Freeport voltou a ser ouvido terça-feira, também por videoconferência, altura em que negou tudo o que tinha dito no dia anterior, justificando que já não se lembrava bem e que desconfiava que tudo o que tinha ouvido sobre a mala de dinheiro poderia ter sido uma brincadeira... Resta saber se de segunda para terça-feira terá recebido ele uma dessas malas...