CENTROS DE (DES)EMPREGO

emprego e desemprego significam muitas vezes o mesmo, em Portugal

Para lá da crise económica que justifica todo o tipo de despedimentos injustificados e insegurança social no seio das famílias, aqueles que têm de se deslocar aos centros de emprego para aí se inscreverem deparam-se com um cenário bastante surreal. É que apesar de todas as modernizações e informatização que estes centros de emprego têm sofrido ao longo dos últimos anos, tudo está na mesma!!!... Para aqueles que têm acesso à internet “inscrevem-se” no centro de emprego de “forma fácil e inteligente”, mas no final do processo, depois de preenchidos uma infindável lista de quadros e de se dar todo o tipo de informações pessoais e curriculares, deparamo-nos com uma nota final: “queira por favor deslocar-se ao centro de emprego da sua área de residência para aí proceder à confirmação da inscrição e dos dados fornecidos”.

Acreditando que estamos a seguir os procedimentos correctos na busca de emprego deslocamo-nos ao centro de emprego, onde esperamos no mínimo, 4 horas para constatar-mos que apenas uma assistente social procede a um simpático “atendimento personalizado” a dezenas de pessoas…daí a demora!!!... Bom, mas com atitude positiva, logo nos apercebemos que a funcionária, mesmo depois de informada que a inscrição electrónica foi efectuada, procede ao preenchimento integral de todos os dados anteriormente preenchidos no site do centro de emprego, na internet, pois que estes apenas serão “cruzados” com os outros, e tão somente ao fim de 24 horas. Depois de tudo preenchido, a funcionária dá um suspiro de alegria dizendo: “pronto já está!!!”… Passemos agora ao “prato principal”, ou seja, a procura de ofertas. E aí começa um outro jogo, muito mais divertido que o primeiro. É que somos informados que estamos agora obrigados a ir a todas as entrevistas que o centro de emprego nos envia, mesmo que não se adaptem bem ao que procuramos, numa área geográfica qualquer, caso não tenhamos tido o cuidado de dizer que procurávamos emprego apenas na área da residência ou do concelho. Depois o centro de emprego envia POR CORREIO as propostas de emprego (não correio electrónico, porque isso é demasiado tecnológico, uma modernice, mesmo!!!), o que pode levar dois a três dias. Estas têm de resultar numa marcação de entrevista no prazo de 3 dias úteis, senão “estragam-se”, com certeza, porque nesse caso já levam alguns dias ao “ar livre”. E pronto, é isto. No final da entrevista pedimos para nos preencherem um papel fornecido pelo centro de emprego, o qual tem de ser entregue pessoalmente no centro de emprego, ou por CORREIO (por correio electrónico não, porque se pode extraviar ou não ser lido, ou até conter algum VÍRUS, nunca se sabe!!!...). Para cada entrevista podemos contar com pelo menos 15 diazitos, para depois, ao fim de mais outros 15 sabermos finalmente a tão esperada resposta: “lamentamos mas a sua candidatura não foi aprovada pela empresa correspondente à oferta número tal…”. E com isto passou-se um mês divertido, no “jogo” da procura de emprego...

Somos europeus, mas os centros de emprego no norte da Europa, oferecem emprego no próprio dia ou ao fim de 24 horas, e caso isto não se dê, o subsídio de desemprego é imediatamente accionado, mesmo para quem não está a contrato, ou seja quem trabalhe a recibos verdes, porque em Portugal, quem esteja nestas condições, mesmo que tenha andado anos e anos a descontar para a Segurança Social, pode ter a certeza que não leva um único tostão para casa… a não ser que já viva na rua e portanto pode-se candidatar ao rendimento mínimo… Viva a Europa Unida e os direitos iguais de todos os trabalhadores europeus!!!...VIVA!!!...