CAMARATE – CAPÍTULO I

Camarate, símbolo de uma "Justiça" que demora 26 anos, para arquivar um processo!!!...

Na noite de 4 de Dezembro de 1980, o avião onde seguia o então primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, a sua companheira, Snu Abecassis, e o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, António Patrício Gouveia, chefe de gabinete de Sá Carneiro, despenhou-se em Camarate, quando seguia para o Porto. No total, morreram sete pessoas.

«O advogado das famílias das vítimas do «caso Camarate» confessou estar «satisfeito» mas «não surpreendido», com as afirmações de José Esteves, que assumiu à revista Focus o fabrico de um engenho que alegadamente matou Sá Carneiro e Amaro da Costa. Em declarações à agência Lusa, Ricardo Sá Fernandes confessou estar «contente» com a confissão de José Esteves mas «com um certo amargo de boca» pelo facto de «esta não poder ser usada para se fazer justiça», já que o «Caso Camarate» prescreveu em Setembro passado. O ex-segurança José Esteves confessou, em entrevista à revista Focus, ter preparado um engenho que alegadamente fez explodir o avião que matou o primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, a 4 de Dezembro de 1980.

«Sempre disse que prescrito o crime, os autores não deixariam de assumir a sua autoria. Esta confissão de José Esteves tem enorme importância porque foi feita pela primeira vez. Tinha ameaçado algumas vezes que ia falar mas só agora o fez», disse o advogado. De acordo com Ricardo Sá Fernandes, «falta agora fazer na Europa a justiça que não foi possível fazer em Portugal». «Neste momento tenho duas consolações: que na História de Portugal ficará registado que Camarate não foi acidente mas um atentado e que o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem possa ainda reconhecer que foi cometido um crime», disse o advogado, acrescentando que «se a Europa considerar que foi um atentado isso significa uma severa punição para o regime democrático português do 25 de Abril». O causídico vai apresentar, em Janeiro, junto do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, uma acção em que pede a condenação do Estado português «a uma indemnização simbólica de um euro» às famílias das vítimas.

Para Ricardo Sá Fernandes, várias foram as instituições que falharam, impedindo que Camarate chegasse à barra do tribunal. «Falharam várias instituições mas a principal foi o Ministério Público. O então Procurador-Geral da República Cunha Rodrigues equivocou-se por razões de Estado e agiu contra os interesses desse mesmo Estado. É o grande responsável», afirmou. A queda de uma aeronave Cessna no bairro de Camarate, a 4 de Dezembro de 1980, provocou a morte do então primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, da sua mulher Snu Abecassis, e do ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa. José Esteves, antigo segurança do CDS, assume agora que foi o autor de uma bomba incendiária que alegadamente provocou o acidente mas que o seu plano era apenas pregar um «susto» ao general Soares Carneiro, candidato pela Aliança Democrática (AD) à Presidência da República, e que o seu engenho foi alterado por forma a provocar a morte dos passageiros do Cessna. O Cessna, já a arder e deixando um rasto de detritos, acaba por embater em cabos de alta tensão, junto ao bairro das Fontainhas, e depois de perder velocidade acaba por se despenhar sobre Camarate, perto de Lisboa.»
(in, Diário Digital / Lusa 29-11-2006 7:54:00)