CAMARATE – CAPÍTULO III

Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro, 19.07.1934 - 04.12.1980

O filme “Camarate” de Luís Filipe Rocha, que “confirma” a tese de atentado, com explosivos de fraca potência por
debaixo do piloto (que assim ficaria impossibilitado de controlar a aeronave e deixar imperceptível o atentado), é um excelente registo dos factos sucedidos naquele curto período do dia fatídico. Um realizador de cinema conseguiu numa hora e meia, o que dezenas de juízes, centenas de advogados e testemunhas, milhares de políticos e investigadores não conseguiram. Afinal, o mote do hino do PSD, “a caminho da verdade”, é deitado por terra por uma democracia cega que não quer deixar ver a VERDADE, a mesma verdade que cegou as personagens de “O ELOGIO DA CEGUEIRA” de José Saramago.

José Esteves foi guarda-costas de Freitas do Amaral nas presidenciais de 1986 e Freitas do Amaral foi acusado de não ter dado ênfase ao fax recebido umas horas antes do atentado, no seu gabinete, enviado pela INTERPOL, onde se chamava a atenção para um especialista em bombas que viajara na noite precedente para Portugal… Simples coincidência, política, claro… foi a Assembleia, o conjunto dos partidos políticos, figuras de relevo individuais da nossa praça, que fizeram força para que a Verdade não viesse a público, pelo menos de forma directa, com prisões e julgamentos… Foi a democracia portuguesa que crucificou o homem que, dois dias antes de morrer, declarou em comício, que o comunismo era o mal de Portugal, e que tinha de ser erradicado. E essas afirmações, não foram bem aceites por alguns, os mesmos que hoje, provavelmente, aceitam o “regime totalitarista” da economia europeia e internacional… em dois dias foi preparado um plano e executado, com a frieza e eficiência de uma super-estrutura de poder. Tais recursos só pertencem a sociedades secretas ou polícias especiais, que (as mesmas que pertencem ou estão nas mãos dessas mesmas sociedades)… Se a morte de Francisco Sá Carneiro, veio ou não de Inglaterra, encomendada, sob a forma dos componentes específicos ou por know-how de um especialista em bombas provavelmente nunca o vamos saber. Mas sabemos, pela boca daquele que a colocou por debaixo do assento do piloto, José Esteves, operacional dos Comandos de Defesa do Continente, e guarda-costas de Freitas do Amaral…

Mas o filme “Camarate” refere ainda aquilo que de mais curioso pode existir neste caso. É que Francisco Sá Carneiro tinha prometido publicamente levar à Justiça o caso descoberto umas semanas antes, do tráfico de armas do exército português e de diamantes, que envolvia altas patentes do exército, Maçonaria, políticos de renome, famílias conhecidas…e muita, muita droga. Camarate tornou-se uma caixa de Pandora para a política nacional, uma espécie de mal estar, algo que não se deve tocar se quiser viver em paz… Que o diga o jornalista da TVI, Rui Miguel Ganhão Pereira, de 29 anos (filho do jornalista da RTP Rui Ganhão Pereira) que se “suicidou” saltando da ponte 25 de Abril exactamente no dia da morte de Sá Carneiro, no dia 4 de Dezembro, exactamente 20 anos depois!!!... O mais arrepiante é que tinha feito um programa, semanas antes em que investigava exaustivamente o caso Camarate, denunciando falhas gravíssimas em todo o processo de investigação e julgamento. O que terá levado este brilhante, novo e promissor jornalista, com uma filha nascida nesse Verão, com uma vida estável com a jornalista da SIC Ana de Freitas (casada actualmente com Daniel Cruzeiro, coordenador do programa Reportagem SIC) a cometer suicídio? Chantagem, Ameaça? Provavelmente nunca o vamos saber porque afinal de contas, tudo o que está relacionado com o caso Camarate, não são senão pontas soltas… Certo é que não existem fotografias de Rui Miguel Ganhão Pereira a circular na Internet, e a pouquíssima informação que se encontra acerca deste é demasiado escassa para ser…VERDADE!!!...TUDO foi APAGADO!!!...

Recentemente, um grupo de amigos de José Eduardo Moniz juntou-se para um almoço-surpresa de forma a assinalar o 10º aniversário da TVI, durante o qual este classificou como o pior momento destes dez anos "a morte do jornalista Miguel Ganhão Pereira em circunstâncias muito dramáticas", numa altura em que a TVI mudava de logótipo (Setembro de 2000) pois, "era a entrada de uma nova Era que se estava a materializar", concluiu…