A MÁFIA DAS IMOBILIÁRIAS

a EXPO'98 ajudou à criação de inúmeras imobiliárias, as mesmas que agora monopolizaram o mercado

No final dos anos 80 em Portugal começaram-se a instalar em maior quantidade empresas do sector imobiliário, que serviam de promotores de vendas, em substituição do tradicional construtor que procedia a venda directa. Desta forma, levaram à regulamentação do sector de vendas, face aos públicos mais exigentes na procura e nos processos de venda. Estas empresas passaram a incluir todos os serviços burocráticos para facilitar o cliente. O BOOM da construção deu-se antes e depois da EXPO’98. Os bancos criaram estratégias de financiamento. Havia uma economia crescente. Algumas zonas urbanas valorizaram-se em função de novos empreendimentos e infra-estruturas então construídos. As imobiliárias maiores uniram-se, criaram uma associação que as protegia dos concorrentes que não cumpriam as normas e as leis. Desta forma aniquilaram as empresas menos concorrenciais e passaram a técnicas mais agressivas de vendas e marketing. Algumas fundiram-se em empresas maiores e deram origem a promotores. Já não necessitavam de procurar financiadores privados. Recorriam a bancos, enquanto promotores e os seus empreendimentos passaram a depender mais do poder político, que nunca. Montaram os seus lobbies com o poder local, regional e nacional, juntamente com empresas de arquitectura, que cresceram com eles, como se de departamentos de projectos seus se tratassem. Criaram-se círculos de negócios chorudos, alguns deles à porta fechada, outros até sem escrúpulos, acabaram por ser denunciados nos Media, mas sem grandes prejuízos para os seus intervenientes.

Agora face à crise global, este lobby, as imobiliárias, mantém-se unidos e garantem que os preços das habitações não descem dos valores de mercado, os quais pretendem continuar a manter em níveis “artificialmente” altos, para não fazerem os seus negócios depender de variações ou picos da economia nacional. Comprar casa, face a este mercado desfasado da realidade, com o desemprego a subir em flecha, tornou-se num negócio muito arriscado, sobretudo em famílias de jovens em início de vida. Embarcar nesta aventura é quase suicídio económico, arriscando-se estes investidores a perderem todo o investimento inicial feito no momento da aquisição. E depois, onde vão viver as pessoas que investiram todas as suas poupanças na esperança de, um dia, conseguirem um futuro melhor para si…? Hipotecar a vida a um banco na esperança de pagar o que já se sabe que não se vai poder pagar, não será escravizar os seus sonhos pessoais aos donos da economia mundial, que lançam as famílias no inferno do desespero e do sufoco para pagar as suas dívidas, cada vez mais agravadas por todo o tipo de leis e coimas…?