A MÁFIA DOS MEGA-CENTROS COMERCIAIS

os consumidores das grandes superfícies são apenas os "terminais" de uma complexa rede de consumo

Por todo o país se construíram nos últimos 20 anos dezenas de mega-centros comerciais, conhecidos como “grandes superfícies”, com maior incidência nos últimos dez anos. Estes empreendimentos, fortemente suportados pelos bancos, representam além de um excelente negócio de investimento para os seus promotores e agentes envolvidos, uma ferramenta política com que muitos autarcas ganham eleições. No entanto, estes “Cavalos de Tróia” do comércio, acabam por levar à falência o comércio tradicional, cada vez menos modernizado fruto da cada vez maior preferência dos compradores pela concentração de lojas nas grandes superfícies, mais atractivas. Num centro comercial, a grande diversidade de lojas, o ambiente de prosperidade (dado que aí só conseguem manter-se cadeias de lojas internacionais, com grande poder económico), a grande oferta de restauração, a concentração de serviços, permitem aos trabalhadores semanais aí efectuarem as suas compras de fim-de-semana de forma descontraída em ambiente familiar, com maior segurança e conforto. Pode-se mesmo dizer, que o tradicional passeio ao fim-de-semana, que antes se efectuava nos centros históricos urbanos, se mobilizou para as periferias, onde geralmente se localizam estas novas superfícies comerciais.

Mas a estratégia destes centros comerciais envolve outras estratégias macro-económicas e macro-financeiras, fundamentais para as economias dos países. O maior consumo de gasolina pelos utentes, maior consumo de produtos (quanto maior é a oferta e qualidade de produtos mais incentivado ao consumo fica o potencial comprador), escoamento de marcas caras (pela sua “pretensa” vulgarização, mesmo junto do segmento médio e médio-baixo), criação de uma “falsa” (ou não) imagem de progresso (mesmo quando as pessoas apenas passeiam olhando as montras, sem consumir), a propagação da doença do “consumismo por impulso”, representam um “PACK” completo de formas de concentrar eficazmente em cada indivíduo e em cada família, técnicas de marketing que permitem, num curto intervalo de tempo, “transferir” as economias destes para a GRANDE MÁQUINA FINANCEIRA que está por detrás da operação, como por magia. Desde o estacionamento pago, às lojas de roupa, aos supermercados, aos cafés e restaurantes, livrarias, artigos tecnológicos, a todo o tipo de serviços úteis, o consumidor liberta uma adrenalina “positiva” que lhe dá uma euforia momentânea, fazendo-o consumir mais do que na realidade necessita, face à exposição fácil aos produtos. Esta é uma técnica maquiavélica de marketing, que funciona na maior parte dos casos e a única forma de a evitar é, ou não dispor realmente de dinheiro (nem sequer do cartão de crédito) ou não procurar estes centros comerciais, autênticas armadilhas vocacionadas para o consumismo induzido. O consumo, face à recessão mundial, vai escravizar muitas famílias e levar ao colapso social muitos indivíduos que não serão protegidos pelo Estado, o mesmo que promoveu a proliferação destas verdadeiras “armadilhas” de consumo…