Pedro Santana Lopes decidiu, ainda quando Durão Barroso era Primeiro-ministro, a substituir o actual e horrendo monumento a Sá Carneiro na praça do Areeiro por uma estátua em corpo inteiro do falecido político, em bronze, realizada pelo mesmo autor. A escultura existente, é de certa forma macabra e sarcástica: com um volume que serve de suporte à enorme cabeça de Sá Carneiro semelhante a um saco de golfe, destacam-se os tacos colocados imediatamente atrás, alinhados na vertical, a formar um subtil e “esticadinho” logótipo do PSD. Neste contexto, a cabeça de Sá Carneiro representa simultaneamente a “marca” do saco de golfe, mas também representa, proporcionalmente a todo o conjunto, a própria “bola” de golfe, cirurgicamente “decepada” com uma forte “tacada” ou “jogada”. No topo, uma multidão “bidimensional”, sem força (representando o povo impotente) eufórica levanta as bandeiras do líder com a inscrição: “Viva Portugal. Vencer Portugal em Democracia. Liberdade. Justiça Social. Solidariedade”. A ideia da sua construção teve origem numa subscrição pública iniciada pelo jornal "O Dia" que resultou neste modelo final da autoria do escultor Domingos Soares Branco e arquitectos Martins Bairrada e Leopoldo Soares Branco, como homenagem ao assassinato de Francisco Sá Carneiro na fatídica noite de 4 de Dezembro de 1980.
A nova estátua de estilo mais naturalista e menos abstracto-simbólico, adjudicada por Pedro Santana Lopes, teria cerca de cinco metros de altura, num estilo “neo-kitsch” próprio de certos regimes totalitários da Europa de Leste com pormenores de proporção que colocam em questão a “beleza” pretendida pelo autarca (os enormes sapatos saem das calças de forma monstruosa e desproporcionada). Nesta proposta, Sá Carneiro segura, na mão esquerda, um par de óculos!... Assentará num pedestal elíptico de seis metros revestido a granito, onde será inscrita uma frase de Sá Carneiro escolhida por Santana. A decisão de substituir o polémico conjunto escultórico que ele próprio inaugurara em 1991, na qualidade de secretário de Estado da Cultura torna a questão ainda mais surrealista. O escultor diz não saber exactamente quanto custará o monumento à autarquia, mas avisou que não sairia barato. O seu valor ultrapassaria os cem mil euros. A mística política em torno da representação de Francisco Sá Carneiro parece não encontrar o mesmo descanso que não encontrou o “estranho”, hermético e inconclusivo processo Camarate… Terá sido a sua morte decidida nalgum campo de golfe, por alguma da "nata" política da altura?...