NAÇÕES UNIDAS CONDENAM AUTORIDADES DO BAHREIN PELA VIOLÊNCIA

protestantes têm sofrido prisões, espancamentos e até morte pelos militares

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, fez hoje uma condenação firme da acção das autoridades do Bahrein na repressão dos protestos que se arrastam há mais de um mês no país, dando validade aos relatos que denunciam “mortes, espancamentos e detenções arbitrárias” por parte das forças de segurança. “Há mesmo médicos e funcionários clínicos a serem apanhados nesta vaga, hospitais e centros médicos a serem invadidos e controlados pelos militares. Esta é uma conduta chocante e ilegal”, afirmou Pillay, exigindo às autoridades do Bahrein que “contenham” as suas forças de segurança – e avisando que os responsáveis por estas acções de repressão, “mesmo sob ordens superiores, podem ser criminalmente responsabilizados”. A responsável dos direitos humanos da ONU insistiu ainda para que o Governo do Bahrein “não use a força contra manifestantes não armados e permita e facilite o tratamento médico aos feridos, além de desarmar os grupos de vigilantes, incluindo agentes de segurança não uniformizados”. Pillay instou ambas as partes a entrarem em “diálogo imediato sobre reformas significativas e o fim da violência”.

As forças de segurança dispersaram ontem violentamente os últimos resistentes dos protestos que se mantinham há várias semanas acampados na Praça Pérola, em Manama, a capital, exigindo o fim do que descrevem como “discriminação” da elite governadora sunita sobre a maioria xiita (60 por cento da população do Bahrein). Os partidos da oposição reclamam reformas políticas e sociais de fundo, como o fortalecimento dos poderes do Parlamento, uma reforma do Governo e da lei eleitoral. Pillay afirmou que o seu gabinete recebeu notícias de que na dispersão da Praça Pérola e arredores foram usados tanques e helicópteros contra os manifestantes. “Há relatos de que podem também ter sido usadas armas automáticas, disparando munições verdadeiras contra os manifestantes e transeuntes”, e de que membros das forças de segurança não uniformizados usaram “bastões, facas, espadas e pedras para atacar os manifestantes”. A isto acrescem denúncias de que forças da segurança atacaram fisicamente funcionários do principal hospital de Manamá e foram “impedidos, tal como pessoas feridas, de entrar ou sair” do local. Testemunhas na capital contavam já ontem às agências noticiosas que soldados e polícias cercaram a unidade hospitalar e bloquearam a passagem de ambulâncias que transportavam feridos nos confrontos da Praça Pérola.