2012 será o ano dos despedimentos em massa na Europa
A energética alemã, que pretende comprar a quota do Estado português na EDP, vai dispensar 11.000 dos seus 80.000 funcionários a nível mundial, confirmou hoje um porta-voz da empresa.
Só na Alemanha a E.ON prescindirá de seis mil trabalhadores, cerca de três mil através da pré-reforma, noticiou o matutino Rheinische Post.
Os negócios da E.ON foram afectados pela decisão do governo germânico de encerrar todas as centrais nucleares até 2022, e também porque as suas apostas no sector do gás natural não têm dado o rendimento previsto.
Entretanto, a maior energética alemã tenciona apostar mais nas energias renováveis e fez uma oferta vinculativa para compra da participação do Estado português na EDP, noticiou o semanário Der Spiegel.
A mesma publicação refere que, em reunião realizada na quinta-feira, o conselho fiscal da E.ON deu "luz verde" ao presidente executivo, Theyssen, para avançar com a operação, que consiste na compra a Portugal da sua quota de 21,35% na EDP.
O governo português reduziu recentemente a quatro os candidatos à compra da referida quota, dando também preferência aos alemães.
Além da E.ON, os outros candidatos escolhidos foram as brasileira Electrobras e Cemig e chinesa Three Gorges.
Portugal tenciona concluir o processo de privatização da EDP, incluído nas medidas de ajustamento orçamental negociadas com a "troika", até ao final deste ano.
A participação da E.ON na EDP é encarada como parte da nova estratégia da empresa de Dusseldorf para investir mais em energias renováveis em Portugal, nomeadamente na energia eólica e na energia solar. Com a aquisição da EDP, o gigante alemão podia tornar-se líder do mercado mundial no sector das renováveis, segundo as mesmas fontes. Além disso, a EDP opera no Brasil, o que também foi importante para despertar o interesse germânico na empresa liderada por António Mexia. A E.ON supõe que os investidores chineses tenham feito uma proposta mais avultada, mas considera que tem hipóteses de ganhar o concurso, graças aos planos de investir nas energias renováveis em Portugal. Assim, se o governo português decidir vender a sua quota na EDP à E.ON, esta poderá deslocar para Portugal os departamentos que estarão envolvidos nos projectos com fontes renováveis, adianta o Der Spiegel. A E.ON recusou-se, até agora, a comentar a notícia. Os quatro grupos concorrentes à privatização da EDP entregaram na sexta-feira as propostas vinculativas à compra da posição pública na eléctrica, que deverá estar concluído até ao final de Janeiro do próximo ano. Pelo caminho ficaram a indiana Birla, por não satisfazer as condições do governo societário nem o preço, e a japonesa Marubeni devido a uma avaliação menos satisfatória do projecto estratégico. Em conferência de imprensa sobre as conclusões da ‘troika', em meados de Novembro, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, afirmou que a privatização da EDP deverá estar concluída em Janeiro do próximo ano.