num país com população de 10,5 milhões, 2,7 milhões é uma perda muito significativa
O desemprego, os aumentos sem paralelo nas tarifas, a contracção no rendimento disponível das famílias por via de aumentos fiscais, dos preços ou pela redução dos salários actualmente em curso...
As razões são mais que muitas e as empresas de transporte começam a sentir o seu impacto: desde Agosto, mês em que entraram em vigor os aumentos médios de 15% nas tarifas, as empresas de transportes começaram a sofrer uma quebra de 5% a 6% na procura mensal – cerca de menos 2,7 milhões de passageiros por mês –, segundo dados até Outubro recolhidos pelo i junto da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (Antrop) e de algumas empresas públicas de transporte. Só a transportadora rodoviária de Lisboa, a Carris, está a registar quase menos um milhão de passageiros por mês desde os aumentos de 15%. A Carris transporta por ano cerca de 240 milhões de passageiros, e a tendência de quebra manteve-se em Novembro, segundo dados preliminares da empresa.
Cenário idêntico vive-se na Sociedade Colectiva de Transportes do Porto (STCP) e, neste caso, o impacto do aumento de 15% das tarifas é evidente. A procura pela rede de comboios urbanos nos meses em análise recuou 3,2% face ao período homólogo, enquanto a oferta do Metro de Lisboa registou uma quebra homóloga de 1,8%, transportando 42 milhões de passageiros entre Julho e Setembro deste ano.
A actualização tarifária em 15% decretada pelo governo em Agosto também mexeu com algumas empresas privadas, já que alguns títulos que subiram de preço são passes combinados para privadas e públicas.
As empresas representadas pela Antrop, segundo a associação, transportam anualmente cerca de 400 milhões de passageiros. Caso a quebra registada entre Agosto e Outubro se mantenha constante, tal implica que num ano estas empresas vão perder 20 milhões de passageiros. Já na Carris, o impacto anual pode chegar a uma redução na procura equivalente a menos 12 milhões de passageiros.