Inglaterra não aceita as condições abusivas de Merkel da perda de soberania dos países incumpridores
O primeiro-ministro britânico disse hoje, em Bruxelas, que a recusa da Grã-Bretanha em participar na revisão do tratado europeu para reforçar a disciplina orçamental da zona euro foi uma "decisão difícil mas boa", justificando-a com os interesses do seu país.
"Se não podemos obter garantias no âmbito do tratado, o melhor é ficar de fora", disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron, durante uma conferência de imprensa após o primeiro dia de trabalhos da cimeira em Bruxelas.
Cameron reforçou: "O que foi definido não é do interesse da Grã-Bretanha, por isso não aceitei. (...) Eu não podia apresentar este novo tratado perante o nosso Parlamento".
O primeiro-ministro indicou que "os interesses britânicos no seio da União Europeia, como a liberdade das trocas e abertura dos mercados deviam ser protegidos".
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, classificou hoje de "inaceitáveis" as condições pedidas pelo Reino Unido para integrar um novo tratado europeu para estancar a crise da dívida soberana. "Teríamos preferido um acordo a 27 [Estados-membros], mas não foi possível dada a posição dos nossos amigos britânicos", disse Sarkozy em Bruxelas, no final de um "jantar de trabalho" que assinalou, na quinta-feira à noite, o arranque do Conselho Europeu, e findou pelas 05:00 de sexta-feira (menos uma hora em Lisboa). Pelo menos 23 países irão fazer parte de um novo tratado intergovernamental para reforçar o euro, anunciou hoje o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy. No final do primeiro dia de trabalhos de uma cimeira considerada decisiva para o futuro do euro, vários líderes europeus deram conta de um acordo, ao cabo de nove horas de negociações, sobre as alterações aos tratados para reforçar a disciplina orçamental, que não colheu a unanimidade, mas abrangerá muito mais que os 17 membros da zona euro. Nicolas Sarkozy precisou que apenas o Reino Unido e Hungria ficarão de fora, enquanto a Suécia e República Checa terão de consultar os seus parlamentos. O novo acordou, indicou ainda o presidente francês, deve estar pronto em março de 2012.