100.000 PESSOAS PROTESTAM NA HUNGRIA CONTRA NOVA CONSTITUIÇÃO E AUSTERIDADE

mais uma Constituição violada no seio da Europa; o federalismo selvagem continua a fazer estragos

Dezenas de milhares de pessoas protestaram nesta segunda-feira, em Budapeste, contra a nova Constituição húngara, que julgam ameaçar a democracia, enquanto o governo comemorou a sua entrada em vigor com uma cerimónia. Os organizadores do protesto, convocado com o lema "Haverá uma república outra vez", informaram que quase 100 mil pessoas se concentraram no fim da tarde numa das principais artérias da capital húngara. O lema da manifestação faz alusão a uma das disposições da nova Constituição, que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro e que substitui a "República da Hungria" por "Hungria". O partido socialista MSZP, o partido verde de esquerda LMP e o novo partido DK, do ex-primeiro-ministro socialista Ferenc Gyurcsany, participaram no protesto. Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o governo do Primeiro-ministro Viktor Orban e exibiram cartazes com a inscrição: "Chega!", "Ditadura Orban", "Orbanização". Paralelamente, os membros do governo e o presidente Pal Schmitt chegavam à Ópera de Budapeste para uma cerimónia pela entrada em vigor da nova Constituição. "Viktor Orban e seus seguidores fizeram a Hungria passar de um lugar promissor ao lugar mais sombrio da Europa", comentou, no começo da manifestação, o deputado socialista Tibor Szanyi, que pediu à população para "se livrar da ditadura de Orban". A nova Constituição, aprovada em Abril pela maioria de dois terços do partido Fidesz, de Orban, no Parlamento, despertou críticas da União Europeia e dos Estados Unidos, bem como a Anistia Internacional. Para os críticos do texto, a nova Constituição limita os poderes da Assembleia Constitucional, ameaça o pluralismo da imprensa e põe fim à independência da Justiça.