MOODY'S CORTA RATING MAS TEIXEIRA DOS SANTOS ESTÁ CONFIANTE

apesar dos ratings e da destruição da economia portuguesa, o ministro está "confiante"

Depois de, terça-feira, ter cortado o rating da República Portuguesa em dois níveis (de AA2 para A1), a Moody's anunciou ontem a revisão em baixa da notação financeira de oito bancos portugueses: Caixa Geral de Depósitos, Santander Totta, BES, BPI, Espírito Santo Financial Group (ESFG), BCP, Montepio e Banif. Os três últimos foram os mais penalizados, com descidas de dois níveis, enquanto os outros desceram apenas um degrau na classificação. "O corte no rating dos oitos bancos reflecte a fraca capacidade do governo de ajudar os bancos", afirmou Maria-Jose Mori, analista da Moody's, que acompanha a banca nacional. O rating de empresas e estados tem impacto directo no custo do financiamento. Este downgrading significa que os bancos portugueses, já com a corda ao pescoço devido à falta de liquidez, deverão sentir ainda maiores dificuldades em financiar-se no mercado. A descida não é uma surpresa e costuma acontecer a seguir à descida do rating da República. No entanto, alguns bancos ficam em situações delicadas - como o Banif, que desce de Baa1 para Baa3, sendo-lhe atribuído um outlook negativo, o que significa que fica em risco de descer novamente, podendo perder a recomendação de investimento (investment grade). A descer mais um nível, a probabilidade de incumprimento aumenta e a dívida do Banif passa a ser considerada investimento negativo (junk bonds).

A Moody's não atribuiu outlook positivo a nenhum dos oito bancos portugueses. Com perspectiva estável ficaram apenas Caixa, Santander Totta e Montepio. A agência de rating explica que as diferenças entre descer um e dois níveis estiveram relacionadas com a capacidade dos bancos de ultrapassar a falta de apoio do Estado. Ou seja, os bancos com ratings mais elevados "foram menos afectados porque a sua flexibilidade financeira intrínseca lhes permite compensar o impacto de um menor apoio sistémico". A Moody's considera ainda que dificilmente bancos como o Santander Totta, o BES e o BPI não seriam ajudados, daí terem descido apenas um nível. A Caixa é uma excepção, por ser 100% público, pela sua dimensão e estatuto, refere a agência da rating. Já o rating do ESFG está directamente ligado ao do BES. E Ainda ontem, a casa de investimento Macquarie Securities disse que 12 bancos dos 91 investigados iriam chumbar nos testes de stress - um deles era o BCP. Estão também presentes na lista todos os bancos gregos, o Commerzbank e o Banco Popolare. O JP Morgan já tinha indicado que o BCP deveria falhar o teste e o Keefe, Bruyette & Woods apontava também ontem o BPI como possível chumbo. Os resultados dos testes de stress serão conhecidos dia 23 de Julho. A Moody's desceu também a classificação da Refer, Parpública, RTP e REN. A EDP escapou.