PORTAS SUGERE A SÓCRATES A DEMISSÃO DO SEU GOVERNO

Portas propôs uma solução para salvar Portugal, mas Sócrates riu-se

Portas pediu ontem (quinta-feira) ao primeiro-ministro que se demita para que seja formado um Governo entre PS, PSD e CDS/PP. "Senhor primeiro-ministro, o senhor é passado, já não recupera, os portugueses não o vêem como solução, vêem como problema, acham que quem nos trouxe a esta crise não é capaz de nos tirar da crise, ponha a mão na consciência, perceba o mal que fez e tenha um gesto de humildade e saia", desafiou Paulo Portas no debate do Estado da Nação. O deputado e líder do CDS pediu a José Sócrates que "permita que o seu partido escolha outro primeiro-ministro, alguém moderado, credível e com os pés assentes na terra" e propôs uma "solução excepcional". "O que o país deveria ter era uma coligação com o PS, PSD e o CDS, para três anos, com o objectivo de tirar o país deste atoleiro. Consigo, engenheiro Sócrates, isso não é possível", defendeu, sublinhando que "o país apreciaria uma garantia de estabilidade e exemplo de patriotismo". Numa intervenção que recebeu aplausos de pé da sua bancada, Paulo Portas argumentou que "enquanto o país económico pode estar a caminho de uma recessão, o país político pode estar a dirigir-se para o absurdo".

"Vem aí o Orçamento do Estado, será votado quando o Parlamento já não pode ser dissolvido. Se o Governo insistir em aumentar impostos outra vez, o país arrisca-se a ficar nesta situação: nem tem orçamento, nem pode ter eleições", afirmou. "Mesmo que depois das eleições presidenciais haja condições para uma mudança política, a mera conjunção dos prazos insolitamente longos que estão na Constituição permite perceber que Portugal só terá um novo Governo, um novo rumo e um novo caminho daqui a mais de um ano", sublinhou. Para Paulo Portas, "o primeiro-ministro está tão descredibilizado que dificilmente conseguirá fazer a remodelação governamental que permitiria dar um novo fôlego" ao país. "Pode Portugal, na dificílima situação em que está, ficar mais um ano à deriva?", questionou. De acordo com o líder democrata cristão, "os portugueses sabem que perante uma profunda crise económica" há "um mau Governo e, apesar da desconfiança do país neste Governo, o primeiro-ministro não vem aqui propor uma moção de confiança, pela simples razão que teme perdê-la e ser confrontado com a vontade popular". "Qualquer moção de censura não prospera, pela simples razão que o PSD salvará o Governo. PS e PSD fazem juntos tudo o que o Governo quer, mas não querem estar juntos no Governo", sublinhou. Paulo Portas tinha iniciado a sua intervenção citando uma declaração do primeiro-ministro no debate do Estado da Nação de há um ano, segundo a qual o Governo tinha posto "as contas em ordem" e restaurado a "credibilidade do Estado português". "Um ano depois, Portugal tem o maior endividamento da Europa, a maior carga fiscal de sempre, a maior despesa pública de sempre, o maior desemprego de sempre", declarou.