«(…continuação) Os engatatões: O seu objectivo principal quando estão na noite é darem uso às hormonas que andam aos pulos dentro dos seus corpos. Os seus ensinamentos passam de geração em geração e o livrinho com frases feitas e lugares-comuns é mais precioso que as jóias da Rainha de Inglaterra. Usam frases do género: “Sou o Homem Invisível, e ando á procura da Mulher Transparente para fazermos coisas nunca vistas”. Engatam facilmente suburbanas ou superbens que já tenham bebido uns litros de álcool. Se lhes perguntarem que músicas passaram na noite em que saíram não fazem a mais pequena ideia, porque os portões dos seus ouvidos estavam trancados e toda a atenção estava dirigida para os olhos. Saem todos os fins-de-semana, e quando não picam o ponto é porque têm uma namorada, mas nunca o admitem aos seus amigos porque isso equivaleria a uma despromoção. Locais favoritos: Sobretudo Docks às terças-feiras, na ladies night.»
«Os artolas: Vestem-se de preto, têm um ar angustiado, e só eles e Deus sabem porque é que se intitulam artistas. Passam uma noite inteira com grandes teorias sobre a cena de 30 minutos do último filme do Manoel de Oliveira, conseguindo arranjar mais significados para essa cena que o próprio realizador. São pseudo-intelectuais, para quem tudo tem e deve ter sempre um significado, e onde, por exemplo, um filme só é digno de ser visto se for chato e de um realizador russoo, polaco ou checo. Olham para as outras pessoas que estão à sua volta e que não são intelectualóides, como se fossem escaravelhos – se pudessem, escravizavam-nos, obrigando-os a lavar sanitas de casa-de-banho públicas para o resto da vida. São pintores, realizadores, actores e artistas plásticos…mas nunca ninguém viu nada que tivessem produzido, excepto as obras que estão guardadas nos seus próprios quartos. Os mais novos olham para os mais velhos com a mesma veneração com que um cristão olharia para Jesus. Saem à noite para perpetuarem a sua imagem de artistas, porque lá em casa olham ao espelho e vêem que não passam de artolas. Locais favoritos: Lux e Bar do Rio e, claro, cinemas King.»
«Os chatos: Estão na noite para realmente se divertirem: tomar um copo, ouvir música, dançar e eatar com os amigos. Estão-se nas tintas para quem lá está ou se o uniforme é o apropriado para o local. Percentagem de chatos à solta na noite: 0,0000001 por cento.»
«Os artolas: Vestem-se de preto, têm um ar angustiado, e só eles e Deus sabem porque é que se intitulam artistas. Passam uma noite inteira com grandes teorias sobre a cena de 30 minutos do último filme do Manoel de Oliveira, conseguindo arranjar mais significados para essa cena que o próprio realizador. São pseudo-intelectuais, para quem tudo tem e deve ter sempre um significado, e onde, por exemplo, um filme só é digno de ser visto se for chato e de um realizador russoo, polaco ou checo. Olham para as outras pessoas que estão à sua volta e que não são intelectualóides, como se fossem escaravelhos – se pudessem, escravizavam-nos, obrigando-os a lavar sanitas de casa-de-banho públicas para o resto da vida. São pintores, realizadores, actores e artistas plásticos…mas nunca ninguém viu nada que tivessem produzido, excepto as obras que estão guardadas nos seus próprios quartos. Os mais novos olham para os mais velhos com a mesma veneração com que um cristão olharia para Jesus. Saem à noite para perpetuarem a sua imagem de artistas, porque lá em casa olham ao espelho e vêem que não passam de artolas. Locais favoritos: Lux e Bar do Rio e, claro, cinemas King.»
«Os chatos: Estão na noite para realmente se divertirem: tomar um copo, ouvir música, dançar e eatar com os amigos. Estão-se nas tintas para quem lá está ou se o uniforme é o apropriado para o local. Percentagem de chatos à solta na noite: 0,0000001 por cento.»