ontem só o BPI abriu a bolsa a perder mais de 10%
As contas de 2011 ficarão na história da banca, pela negativa. Já quanto ao capital, o sector nunca esteve tão sólido.
A apresentação de resultados anuais para a banca, que arranca esta semana, não promete boas notícias. Tudo somado, os cinco principais bancos do mercado deverão apresentar prejuízos acima dos 1.000 milhões de euros, ainda que se preveja que um deles - o Santander Totta - apresente resultados positivos. O BCP deverá liderar o ‘ranking' com os prejuízos mais elevados, seguido muito provavelmente por esta ordem: CGD, BPI e BES.
Este número pode ainda ficar mais negro caso, como alguns analistas antecipam, algumas instituições aproveitem os maus resultados de 2011 para "limparem" o seu balanço, com vista a iniciarem um novo ano sem os fantasmas dos anos anteriores. Com estas medidas, as equipas de gestão do sector tentam também preparar os bancos para os imprevisíveis efeitos que a crise ainda pode ter no sector. Depois, a banca tem ainda de contar com as novas exigências da autoridade bancária europeia e da ‘troika' e, em alguns casos, com os efeitos da transferência dos fundos de pensões.
O BCP deverá ser um dos bancos que mais vai querer aproveitar para limpar e reforçar o seu balanço. De acordo com os cálculos dos especialistas ouvidos pelo Diário Económico, o maior banco português deverá revelar prejuízos recordes, equivalentes a mais de dois terços da sua capitalização bolsista, ou seja, superiores a 700 milhões de euros. Juan Pablo López, analista do Espírito Santo Investment Bank, numa nota de ‘research' publicada esta semana, reconhece que "os resultados do [BCP] do último trimestre de 2011 vão ser distorcidos pelo reconhecimento de impactos extraordinários". O analista, que antecipa prejuízos de 499 milhões de euros para o banco ainda liderado por Santos Ferreira, refere, por exemplo, que a transferência do fundo de pensões deverá ter um impacto líquido de 198 milhões sobre os resultados do banco e que o BCP deverá ainda completar o ‘writedown' do ‘goodwill' das suas operações na Grécia, actualmente registadas no balanço por 147 milhões de euros.