STRAUSS-KAHN: O EXEMPLO DA ESCUMALHA POLÍTICA QUE LIDERA O MUNDO

excessivo poder sem fiscalização leva a abusos e corrupção mafiosa ao mais alto nível diplomático

O ex-director-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, passa a noite sob custódia numa esquadra de polícia em Lille, onde foi interrogado durante todo o dia no âmbito de um inquérito judicial conhecido como o “caso Carlton”. S egundo a imprensa francesa, a juíza de instrução Stéphanie Ausbart, titular do processo Carlton, foi chamada pela polícia judiciária ao final da tarde para ratificar o prolongamento da detenção de Strauss-Kahn durante a noite e até ao dia seguinte. DSK, como é tratado pelos franceses, acabou envolvido no escândalo depois de se confirmar que participou em várias orgias sexuais, tanto em Paris como também em Washington, a cidade que serve de sede ao FMI. A polícia já deteve oito indivíduos suspeitos de pertencerem à rede: dois deles são empresários com ligações ao Partido Socialista francês, e alegadamente responsáveis pela organização das chamadas “festas libertinas” e pelo pagamento das mulheres. Os dois amigos de Strauss-Kahn, Fabrice Paszkowski e David Roquet, terão pago as passagens de prostitutas que viajaram até à capital dos Estados Unidos entre os dias 11 e 13 de Maio do ano passado para uma dessas festas. No fim-de-semana seguinte, o ainda director-geral do FMI acabaria por ser detido num aeroporto de Nova Iorque, depois de uma camareira de hotel apresentar queixa por violação.

Strauss-Kahn desmentiu ferozmente qualquer ilícito e várias vezes manifestou interesse em ser ouvido “o mais rapidamente possível” para esclarecer o que classificou como “insinuações maliciosas” que não passavam de um “linchamento mediático”. Nesta terça-feira, nem DSK nem os seus advogados fizeram qualquer declaração. O ex-director do FMI e antigo ministro da Economia e Finanças do Governo socialista de Lionel Jospin, entrou na esquadra de Lille por volta das nove horas da manhã para uma sessão de interrogatório com quatro investigadores que acabou por se prolongar por todo o dia. O interesse dos investigadores é saber até que ponto DSK estava ciente que as mulheres que participavam nas orgias sexuais eram prostitutas pagas, e ainda se estava por dentro do esquema de financiamento fraudulento dessas “soirées” – várias delas no hotel Carlton. Através do seu advogado, o ex-director do FMI já indicou que não sabia que as mulheres com quem mantinha relações sexuais eram prostitutas – “Nessas soirées as mulheres não tinham roupa, e desafio quem quer que seja a distinguir uma mulher nua de uma prostituta nua”, disse o seu advogado Henri Leclerc. A justiça francesa contempla que um cidadão possa ficar detido para interrogatório, mediante aprovação de um juiz, por um período máximo de 96 horas. No fim desse prazo, terá de ser obrigatoriamente libertado – embora possa sê-lo já na condição de arguido. A lei não penaliza os clientes de prostitutas, mas DSK corre o risco de ser acusado por cumplicidade com proxenetismo e ou abuso de bens sociais sob a forma de receptação.