CAVACO ADMITE QUE PORTUGAL ESTÁ SEM "CAPACIDADE DE RESPOSTA"

Cavaco reconheceu que enfrentaremos tempos futuros muito difíceis

Cavaco Silva sublinhou no sábado dia 12 que, sem a adesão à CEE há 24 anos, os tempos actuais seriam de dificuldades bem maiores para o país, e sem tanta capacidade para lhes responder. O Presidente da República realçou que o tratado assinado em 1986 foi "um marco na história de Portugal". Na intervenção que encerrou o acto comemorativo no mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, Cavaco Silva dirigiu palavras de agradecimento aos líderes políticos que, com rasgo, visão estratégica e determinação tornaram possível a adesão, bem como os negociadores e técnicos que a estruturaram. "O balanço é extremamente positivo", disse Cavaco Silva, destacando a consolidação da democracia, as novas oportunidades de desenvolvimento e a projecção internacional do país.

O Presidente da República sublinhou ainda a "efectiva capacidade reformista" demonstrada pelo país nos últimos 24 anos, que permitiu conquistar o respeito dos parceiros e instituições comunitárias. "A economia portuguesa convergiu com a europeia a um ritmo que superou todas as expectativas", disse ainda. Lembrou que Portugal "não se limitou a colher os benefícios da adesão", mas sempre soube partilhar. Assim, com o binómio responsabilidade/solidariedade, nas suas palavras um dos pilares da UE, disse que o desafio da integração europeia "é permanente", sobretudo num momento de crise. Sem uma defesa do euro, afirmou, a "sobrevivência do projecto europeu pode estar em causa", considerando que a integração "não é a causa das dificuldades", mas é a "resposta aos problemas". "Se não defendermos o euro, que continua a ser um instrumento decisivo para a Europa enfrentar o mundo global, revigorando, nomeadamente, a União Económica, que tem sido o elo mais fraco da União Europeia, a sobrevivência do projecto europeu pode estar em causa", disse. "A Europa não é a causa mas a solução para os problemas", disse oferecendo algumas recomendações. "Está em causa a completividade", sublinhou, sugerindo que uma das prioridades seja alocar os devidos recursos às áreas em que a Europa pode ter vantagem competitiva.