Numa reportagem da RTP1 de ontem, foi anunciada a vontade do Governo dar início à mobilização dos funcionários públicos de forma a rentabilizar os seus serviços a nível nacional, minimizando a prestação de outras empresas privadas, mais caras, nas situações em que há falta de mão-de-obra estatal. A Lei dos vínculos, carreiras e remunerações do Estado de 2008, prevê a mobilidade dos funcionários que o Estado emprega de acordo com as necessidades a nível local, regional e nacional. Numa situação de crise em que o Estado congelou a admissão de mais funcionários públicos como forma de contenção da despesa pública, alguns serviços carecem urgentemente de funcionários. Estes poderão recusar caso aleguem prejuízo sério para a sua vida pessoal ou familiar ou quando a distância não o permite. Os sindicatos estão com reservas já que prevêem que alguns despedimentos poderão ser encapotados e forçados através desta mesma mobilidade. Uma lei com pouco mais de 2 anos "promete tratar" os funcionários públicos como soldados obedientes... Sendo Portugal um dos países europeus em que o peso dos salários públicos é grande relativamente ao PIB, o Banco Central Europeu pode estar a pressionar o Governo português para reduzir esta despesa, "cortando-a" literalmente... Uma vez mais, mais despedimentos, mais pressão social e familiar, mais despotismo político, mais relativismo e menos justiça laboral. Claro que muitos chefes de serviço vão aproveitar imediatamente esta lei para se vingarem nos funcionários que não sejam do seu clube de futebol ou da sua cor política, como é costume em Portugal, sobretudo durante os governos socialistas... A frieza do Estado "imputável", no seu melhor no ano a que, ironicamente, apelidou de "2010 - Ano da Solidariedade Social".