José Sócrates além de estar a tornar-se no pior político desde o 25 de Abril a conseguir manter por mais tempo, debaixo de fogo, o seu poder, revela ser um excelente estratega político, esteja a ser apoiado ou não por alguma equipa de conselheiros do Partido Socialista. Veja-se por exemplo o caso das Presidenciais: Manuel Alegre lançou-se como independente à corrida a Belém. Alegre, que durante anos se confrontou na Assembleia da República contra Sócrates e que se colava muito à imagem de esquerda pró-revolucionária do BE, conseguiu o apoio incondicional de Francisco Louçã e do Bloco de Esquerda, por ser um melhor candidato na defesa dos princípios de esquerda, contra os de Cavaco Silva, que nada fez durante o seu mandato, senão passear-se como Presidente da República e proferir frases vagas e enigmáticas contra o Governo PS. Mas logo após ter conseguido este apoio oficial, o PS jogou uma cartada magistral: apoiou incondicionalmente também Alegre, deixando quase a ridículo o apoio público de Louçã, que ainda tentou publicamente disfarçar esta "derrota" do xadrez partidário, dizendo que a candidatura de Manuel Alegre era supra-partidária... Sócrates colocou a ridículo assim o BE, humilhando-o, como aliás é muito o seu estilo.
Relativamente a Passos Coelho, a estratégia foi diferente. Apelando ao sentido de responsabilidade, Sócrates conseguiu perceber em Passos Coelho a sua sede por defender os interesses económicos dos "boys & girls" laranjas, empresários do partido e demais bilderbergers. Assim facilmente lhe cedeu nas suas exigências "sociais democratas" deixando mesmo Passos Coelho preparar-lhe os seus dossiers e pastas, tratando-o como a um verdadeiro secretário ou assessor. Passos Coelho, contente pelo seu papel cooperativo e responsável perante a UE, julga estar assim a preparar o seu futuro como possível Primeiro-ministro, em maioria ou aliança com o PS. Nem que para isso tenha de reduzir salários, retirar benefícios sociais a desempregados, aumentar a idade para reforma e aumentar impostos. Numa jogada magistral, Sócrates levou Passos Coelho a "queimar-se " como candidato, anulando assim o poder crescente do principal partido da oposição - o PSD -, tendo também deixado bastante fragilizado o Bloco de Esquerda, o 2.º maior partido da oposição, pela "cartada" Manuel Alegre. Neste baralho de cartas já ninguém percebe quantos bobos existem, mas parece que o Rei é Sócrates...