REACÇÃO EM CADEIA (I): O MUNDO SEM PETRÓLEO

no dia em que acabar o petróleo, a sociedade recuará no tempo de forma imprevisível

Numa excelente série de 4 episódios preparada pelo canal National Geographic, podemos assistir a simulações muito realistas do que poderá acontecer, por exemplo, quando faltar o petróleo por todo o mundo. O vídeo encontra-se disponível no Youtube numa sequência de 8 partes:

Comida, habitações, automóveis, aviões, fábricas, energia eléctrica, todos estas comodidades humanas dependem hoje maioritariamente do petróleo. Depois de 150 anos a extrair petróleo do solo, a humanidade depara-se agora (hipoteticamente) com a falta súbita deste produto essencial à vida humana. Milhares de navios e aviões, milhões de veículos utilizam-no para se deslocarem. Só os EUA consomem o dobro do que produzem. Em caso de escassez, os 725 milhões de barris de reserva não chegariam para aguentar o país mais de 12 meses, mesmo em regime de poupança de recursos. Neste cenário aviões e todo o tipo de transportes parariam ao fim de alguns dias, depois de esgotarem todos os seus últimos recursos. Pessoas e produtos ficam retidos onde se encontram. O comércio internacional fica comprometido. As bolsas mundiais param assim como todo o comércio. Milhões de empresas e indústrias fecham e os desempregados crescem exponencialmente a cada dia. Só na indústria do petróleo, 400.000 empregados em todo o mundo ficam sem trabalho de um dia para o outro. O aço deixa de ser produzido e a construção fica seriamente comprometida. A falta de petróleo acabará por fazer parar toda a vida humana rapidamente dando-se um colapso social quase imediato. Uma nova sociedade, mais primitiva embora mais experiente, está a emergir deste facto. Nas cidades a Lei Marcial é implementada, pois os roubos e pilhagens em massa começaram. Às grandes cidades já não chegam alimentos ao fim de uma semana e para cada pessoa é necessário uma área agrícola do tamanho de um campo de futebol americano, por ano, para se alimentar. Os supermercados esgotam os seus últimos stocks que vendem a peso de ouro, mediante uma segurança privada apertada e bem armada. O carvão, de onde se produz cerca de 40% da energia deixa de chegar ao seu destino e os blackout's eléctricos começam a suceder-se com maior frequência. Veículos a diesel são agora os únicos a circular, abastecidos com óleo alimentar.

Um mês depois, as cidades são abastecidas por militares junto das linhas de comboio. A escassez de alimentos é enorme. O racionamento é obrigatório. Os governos de todo o mundo têm de tomar decisões dramáticas. Os subúrbios, onde vive, por exemplo, metade da população norte-americana, começam a ser abandonados por falta de condições. A soja começa a ser plantada massivamente para a produção de diesel e logo de seguida o milho para produzir etanol, o novo combustível do futuro. Alguns veículos eléctricos começam a aparecer e o lítio, necessário para as baterias, torna-se num produto fundamental. A Bolívia torna-se assim num dos países mais ricos do mundo, já que possui reservas minerais importantes deste elemento químico.

Cinco meses depois chega o Inverno rigoroso e a falta de energia e alimentos leva à morte milhares de pessoas por todo o mundo. O lixo não é recolhido e as epidemias alastram ceifando mais alguns milhares de vidas. Na China milhões de pessoas morrem à fome. A Arábia Saudita colapsa pois o petróleo era a sua moeda de troca para a maioria dos produtos, todos importados. Nas lixeiras reciclam-se todo o tipo de coisas. Plásticos são valiosos pela sua utilidade e os componentes electrónicos são desmontados para se retirar ouro, prata e cobre que funcionarão como moeda de troca valiosa. O metanol é produzido artesalmente para fazer mover veículos com motores diesel.

Um ano depois, a produção de biodiesel duplica mas depende agora da sazonalidade das plantações anuais de milho. Como escasseia a comida surge o dilema: plantar para comer ou para produzir combustível? Nas cidades incêndios sucedem-se em geradores e transformadores eléctricos, alastrando a quarteirões inteiros. Os hospitais funcionam mal com falta de higiene por ausência de material esterilizado e de protecção. Milhares de pessoas morrem de infecções. Veículos abandonados e vandalizados por todas as ruas dificultam a circulação dos veículos de emergência. Muitas pessoas fogem das cidades e dos seus lares em direcção ao campo em busca de alimento e de uma vida mais saudável. Um enorme êxodo de deslocados começa em todo o mundo. Sem pessoas, sem alimentos, sem combustível, as cidades entram em decadência acelerada. A neve do Inverno torna obsoletos todos os veículos abandonados nas ruas. Os adultos lutam para conseguirem cerca de 200.000 kalorias para passarem o Inverno rigoroso. Os países encontram-se agora isolados. O comércio internacional é praticamente inexistente. Cidades, indústrias e portos estão agora completamente abandonados. Os militares dispersaram-se e perderam o seu poder. Só nos EUA as forças militares eram responsáveis pelos maiores consumos de combustível, anuais (cerca de 180 biliões de dólares) em tanques, navios e aviação. O etanol é abandonado por falta de colheitas de milho para combustível. Com os animais de produção mortos, a agricultura e pecuária pouco difere da praticada na Idade Média. A produção é local. Há criminosos perigosos espalhados por todos os lados que atacam em bandos. Dos céus começam a cair os primeiros satélites por falta de manutenção ou controlo à distância. A reciclagem é agora a maior indústria. Navios desmontados para a construção. Surgem os primeiros barcos a biodiesel, agora fabricado a partir das algas, cuja produção rende sete vezes mais relativamente a outros biocombustíveis.

10 Anos depois, são já produzidos 8 biliões de litros de biocombustível a partir de algas. No entanto, os aviões ficam fora dos transportes utilizados. Os aeroportos onde outrora passavam milhões de passageiros por dia, estão abandonados e degradados. Alguns comboios de camiões são realizados regularmente para transporte de material hospitalar. As casas nas cidades estão a ser reutilizadas, mas de forma completamente nova. Alguns edifícios de vidro são utilizados agora para estufas verticais dentro das cidades. A natureza está agora mais equilibrada, sem poluição aérea ou aquática. Surge o primeiro avião a biodiesel. Nas cidades as zonas verdes são todas utilizadas para plantar alimentos. Um novo espírito comunitário permite que não haja fome nas novas áreas urbanas reocupadas. Os subúrbios permanecem abandonados. Algumas cidades começam a ligar-se através de comboios eléctricos. Novos veículos mais leves, em fibra de carbono, começam a ser produzidos em maior escala, movidos a biodiesel das algas. Algumas cidades permanecem, no entanto, abandonadas. Em apenas 150 anos, a população mundial duplica. Por todo o mundo o principal veículo é a bicicleta...