PASSOS COELHO: "PORTUGAL FICARÁ EM SITUAÇÃO MUITO DIFÍCIL SEM ORÇAMENTO"

Passos Coelho está a ceder à política instalada e não tem coragem para assumir ruptura

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, admitiu hoje que Portugal poderá ficar numa situação "muito difícil" se não tiver Orçamento do Estado para 2011, sem adiantar, porém, o sentido de voto do seu partido no Parlamento. "A minha preocupação é que fiquemos numa situação muito difícil, se Portugal não tiver um orçamento para o próximo ano", afirmou Passos Coelho ao matutino alemão Frankfurter Allgemeine. O presidente dos sociais democratas lembrou, na mesma entrevista, que o seu partido já ajudou o Governo socialista a reduzir o défice, em Maio, aceitando até aumentos de impostos, em troca de vários cortes na despesa pública. "Quatro meses depois, a confusão no Governo é ainda maior, e revelou-se que nem sabemos bem de quanto dinheiro precisamos para reduzir o défice", afirmou Passos Coelho. "O principal problema é que, neste momento, as instituições financeiras internacionais perderam a confiança no trabalho do governo", sublinhou, acusando o executivo de José Sócrates de aumentar o impostos, em vez de reduzir mais a despesa pública.

Para o líder do PSD, "são necessárias novas medidas de consolidação, mas o Governo não quer só poupar, mas voltar a aumentar os impostos".
Passos Coelho afirmou que a atual crise orçamental "só pode ser resolvida com profundas reformas estruturais, propondo mudanças nas prestações sociais e no sistema de saúde pública, "porque os encargos do Estado são muito elevados". Revelou também que, em caso de crise política, o PSD está disposto a aprovar uma emenda constitucional, para que não seja preciso esperar por abril de 2011 para haver novas eleições, uma vez que o Presidente da República está impedido de dissolve o Parlamento, por estar a menos de seis meses do fim do mandato. "Seria preciso, no entanto, que os socialistas também votassem a favor", lembrou o presidente do PSD.